WASHINGTON (Reuters) - As vendas no varejo dos Estados Unidos cresceram mais do que o esperado para outubro, provavelmente porque os norte-americanos iniciaram suas compras de Natal mais cedo para evitar prateleiras vazias em meio à escassez de alguns produtos devido à pandemia, oferecendo à economia impulso no início do quarto trimestre.
As vendas no varejo subiram 1,7% no mês passado, informou o Departamento do Comércio nesta terça-feira, na terceira alta mensal consecutiva. Os dados de setembro foram revisados para cima, para alta de 0,8%, em vez da de 0,7% publicada anteriormente.
Economistas consultados pela Reuters esperavam aumento de 1,4% nas vendas no varejo em outubro. As estimativas variaram de queda de 0,1% a alta de 2,8%.
As vendas de veículos cresceram em outubro pela primeira vez em seis meses. A oferta restrita de automóveis devido à escassez global de semicondutores elevou os preços dos veículos, contribuindo para o aumento das vendas varejistas no mês passado, que também foram impulsionadas pelos preços mais altos da gasolina.
Os preços ao consumidor saltaram 0,9% em outubro. A falta de insumos e produtos pode ter levado consumidores a prever preços ainda mais altos, o que os levou mais cedo às compras.
"O suprimento limitado e os varejistas encorajando os consumidores a começar a temporada de compras mais cedo sugerem que alguns gastos provavelmente foram antecipados", disse Sam Bullard, economista sênior do Wells Fargo em Charlotte, Carolina do Norte.
"Apesar de tudo, as vendas de fim de ano quase que certamente vão estabelecer um ganho recorde ante o (mesmo período do) ano passado, mesmo com os varejistas enfrentando um conjunto único de desafios."
A pandemia de coronavírus, que já dura quase dois anos, causou uma aguda escassez de mão de obra, atrasando entregas de matérias-primas às fábricas, bem como remessas de produtos acabados aos mercados.
Excluindo automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios, as vendas no varejo aumentaram 1,6% no mês passado, após alta de 0,5% em setembro. O chamado núcleo das vendas corresponde mais de perto ao componente dos gastos dos consumidores no Produto Interno Bruto (PIB).
As vendas no varejo são principalmente de bens, com serviços como saúde, educação, viagens e hospedagem compondo a outra parte dos gastos dos consumidores.
Mesmo quando ajustadas pela inflação, as vendas no varejo aumentaram de forma sólida no mês passado, deixando o ritmo de crescimento dos gastos do consumidor acima da apática taxa anualizada de 1,6% registrada no terceiro trimestre.
A diminuição do obstáculo gerado pelo surto de infecções por Covid-19 durante o verão no Hemisfério Norte está revivendo a atividade econômica nos EUA.
(Por Lucia Mutikani)