Pequim, 24 jul (EFE).- A precariedade dos meios materiais
utilizados e a falta de recursos arrefece o recolhimento das 1,5 mil
toneladas de petróleo derramadas no fim de semana passado no litoral
de Dalian, ao nordeste da China, no pior incidente com estas
características já registrado no país asiático.
A tripulação de alguns navios pesqueiros na região chegou a
recolher petróleo usando palitos chineses e até mesmo com as
próprias mãos, publicou hoje o jornal oficial "China Daily",
enquanto ONGs reivindicam mais e melhores medidas para combater a
contaminação.
Há dias, no entanto, o Governo chinês mantém silêncio sobre a
evolução da maré negra. O Governo não chegou a confirmar
oficialmente se o acidente é maior ou menor que as 1,5 mil toneladas
estimadas em um primeiro momento pela televisão estatal "CFTV".
Os últimos dados oficiais, de quinta-feira passada, se limitam a
indicar que a mancha alcança os 430 quilômetros quadrados de
superfície em águas do Mar Amarelo, mas não detalha a quantidade de
petróleo retirado.
"Pedimos com urgência ao Governo (chinês) que envie pessoal
treinado e material seguro para trabalhar no processo de limpeza",
ressaltou Greenpeace em comunicado, no qual aponta que a maior parte
das tarefas de retirada de petróleo será realizada sem qualquer
proteção.
A organização lamenta que não tenha sido fechado o acesso às
praias poluídas e ainda esteja sendo permitido o banho em áreas
próximas, expondo os cidadãos a riscos.
Conforme a agência oficial "Xinhua" informou que mais de 1 mil de
navios trabalham na extração do petróleo, entre estes 40 navios
especializados, aos quais se acrescentou um contingente de 2 mil
soldados do Exército.
As equipes utilizam dezenas de toneladas de um azeite especial
com bactérias que dilui o petróleo, além de outros agentes químicos
absorventes. Uma barreira de 15 mil metros foi erguida para conter o
avanço da mancha.
Os trabalhadores, voluntários e bombeiros responsáveis pela
limpeza do acidente estão enfrentando um complicador meteorológico:
as rajadas de vento e chuva, que provocam a expansão da mancha.
Na terça-feira, um bombeiro acabou morrendo durante os trabalhos
de limpeza. O homem, identificado como Zhang Liang, 25 anos, se
afogou apanhado pelo petróleo ao cair de um navio.
Como divulgado ontem, a causa do acidente foi o uso inadequado de
um catalisador para acelerar a entrada do petróleo nos oleodutos,
que provocou a explosão e consequentemente o vazamento.
A administração estatal de segurança laboral e o ministério da
segurança pública realizaram investigações sobre a explosão ocorrida
em 16 de julho e concluíram que um deficiente emprego da substância
dessulfurizadora desencadeou a tragédia ambiental.
Este agente químico causou a primeira explosão em um dos
oleodutos, de 90 centímetros de diâmetro, cujas chamas se propagaram
para outro encanamento paralelo ao primeiro.
O acidente se desencadeou justo depois que deixasse o recinto
"Cosmic Jewel", um petroleiro de bandeira liberiana e propriedade de
uma empresa singapurense que acabava de descarregar pelos condutos
300 mil toneladas de petróleo, a maior parte de origem venezuelana.
As autoridades retêm a embarcação enquanto durar a investigação,
que também encontrou procedimentos equivocados no sistema
anti-incêndios que impediram o fechamento das válvulas de emergência
do oleoduto após a explosão.
A proprietária do oleoduto e das instalações é Petrochina, filial
da estatal China National Petroleum Corporation (CNPC), que, pela
lei local, é o responsável de manter a segurança do conduto.
Sete dias depois do vazamento, o porto de Xingang, cenário do
incêndio, reabriu parcialmente a descarga de petróleo.
Dalian é uma importante cidade litorânea do nordeste da China,
com mais de 6 milhões de habitantes, e conta com o segundo maior
porto de mercadorias do gigante asiático. EFE