RIO DE JANEIRO (Reuters) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse nesta quinta-feira que a vice-presidente Kamala Harris compartilha os valores fundamentais do presidente Joe Biden em questões globais e econômicas e manterá a liderança internacional do país caso seja eleita para sucedê-lo.
Em seus primeiros comentários públicos sobre o assunto desde que Biden desistiu de sua candidatura à reeleição e declarou apoio a Kamala, Yellen disse que a vice-presidente "compreende profundamente" as questões econômicas, desde ajudar as famílias a prosperar até à criação de bons empregos e à redução da inflação.
"Sobre as questões que os EUA enfrentam no mundo, ela entende profundamente o que é necessário e por que é importante restaurar a liderança dos EUA no cenário global e tem sido uma parte crítica desse esforço", disse Yellen em entrevista coletiva durante encontro de autoridades de finanças do G20, no Rio de Janeiro.
"Sinto que os valores fundamentais que foram refletidos nas políticas desta administração são aqueles que a vice-presidente Harris abraça profundamente", acrescentou Yellen.
Kamala garantiu nesta semana o apoio da maioria dos delegados do Partido Democrata para conquistar a nomeação presidencial democrata e desafiar o ex-presidente Donald Trump na eleição de novembro.
Conhecida principalmente pelo seu trabalho dentro do país na redução da desigualdade econômica, os ministros das Finanças e os chefes dos bancos centrais do G20 têm menos clareza sobre as suas opiniões sobre questões econômicas internacionais.
SEM RETROCESSOS
Yellen também disse aos jornalistas que uma reversão das iniciativas econômicas globais do governo Biden – desde a política climática à cooperação fiscal internacional – seria prejudicial para o sucesso da economia global e para o lugar dos Estados Unidos.
Sem mencionar o desejo de Trump de reverter acordos como o imposto mínimo global de dois pilares e uma realocação de direitos tributários para grandes multinacionais, Yellen disse que a cooperação global é "profundamente do interesse dos norte-americanos" e tem apoio bipartidário no Congresso.
"Acredito que há todos os motivos para eles, independentemente de quem ocupa a Casa Branca, ratificarem esse acordo", disse Yellen sobre o acordo global sobre impostos corporativos.
Yellen elogiou Biden pelo forte crescimento dos EUA nos últimos anos, dizendo que o plano econômico do governo criou 15,7 milhões de empregos durante o seu mandato e está ajudando a manter a resiliência da economia global.
Ela disse que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais forte do que o esperado no segundo trimestre e os dados de inflação mais moderados têm mostrado que a economia dos EUA está no caminho "para um crescimento estável e uma inflação em queda".
TAXAÇÃO DE SUPER-RICOS
Em relação à proposta do Brasil de um imposto global sobre bilionários, Yellen disse que os EUA "apoiam fortemente a tributação progressiva" e fazer com que os super-ricos paguem a sua parte dos impostos.
Ela disse que os EUA estão felizes em trabalhar com o Brasil na propagação de ideias para uma tributação progressiva, mas se recusou a apoiar um acordo global sobre a tributação dos super-ricos.
"A política fiscal é muito difícil de coordenar globalmente e não vemos necessidade nem pensamos que seja realmente desejável tentar negociar um acordo global sobre isso", disse Yellen. "Pensamos que todos os países deveriam garantir que os seus sistemas tributários sejam justos e progressivos."
(Reportagem de David Lawder)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5047 2984)) REUTERS CMO FC AC