Por Svea Herbst-Bayliss
CAMBRIDGE, EUA (Reuters) - O Federal Reserve deve elevar os juros "nos próximos meses" se o crescimento econômico melhorar como esperado e se os empregos continuarem a ser gerados, disse a chair do banco central dos Estados Unidos, Janet Yellen, nesta sexta-feira, aumentando as chances de um aumento de juros em junho ou julho.
"É apropriado... que o Fed gradualmente e cautelosamente eleve nossa taxa básica de juros ao longo do tempo e provavelmente nos próximos meses esse movimento será apropriado", disse Yellen.
Embora Yellen tenha expressado cautela sobre a possibilidade de elevar os juros rapidamente demais, ela soou mais confiante do que no passado sobre a perspectiva de a inflação acelerar em direção à meta de 2 por cento do Fed.
"A economia continua melhorando... o crescimento parece estar melhorando", disse Yellen a uma audiência de professores e ex-alunos da Universidade de Harvard. Ela acrescentou esperar que o mercado de trabalho continue a melhorar.
Os preços dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos recuaram após as declarações de Yellen, enquanto as ações avançaram. O dólar era negociado em alta frente a uma cesta de divisas.
A probabilidade estimada de uma alta de juros em junho subiu levemente para 34 por cento, contra 30 por cento antes das declarações de Yellen, segundo dados da CME Group, onde são negociados os contratos futuros.
A expectativa para um aumento em julho atingiu 60 por cento, mais do que o dobro das estimativas de um mês atrás.
O Fed elevou os juros, então próximos de zero, em dezembro e desde então não voltou a alterá-los devido a preocupações com desaceleração econômica global e volatilidade nos mercados financeiros.
Nas últimas semanas, porém, várias autoridades do Fed reagiram a dados econômicos mais fortes e mercados financeiros estáveis colocando uma alta de juros firmemente sobre a mesa para junho ou julho.
As declarações de Yellen "reforçam os sinais de altas de juros mais cedo comunicados recentemente por seus colegas" no Fed, disse o conselheiro econômico chefe da Allianz (DE:ALVG), Mohamed A. El-Erian, por meio do Twitter.
Os preços baixos do petróleo e o dólar forte têm sido culpados por ajudar a manter a inflação dos EUA abaixo da meta de 2 por cento.
Nesta sexta-feira, Yellen disse que esses fatores "parecem estar estabilizando e minha própria expectativa é que... a inflação avance novamente ao longo dos próximos anos para nosso objetivo de 2 por cento".
A economia não tem visto "muita melhora no crescimento dos salários, o que sugere alguma ociosidade no mercado de trabalho", acrescentou Yellen.