Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil registrou quase 3 milhões a mais de desempregados no trimestre encerrado em janeiro em comparação igual período de 2015, levando a taxa de desemprego a 9,5 por cento com novas perdas no rendimento, em meio ao cenário de forte recessão e inflação elevada.
Com isso, a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua renovou mais uma vez o maior nível da série iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No quarto trimestre de 2015, a taxa havia sido de 9 por cento, a mesma dos três meses até outubro. Nos três meses até janeiro de 2015, o desemprego havia ficado em 6,8 por cento.
A leitura de agora, divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE, ficou um pouco acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de 9,3 por cento segundo a mediana das projeções.
A Pnad Contínua mostrou que o número de desempregados no trimestre móvel até janeiro chegou a 9,623 milhões de pessoas, 6,0 por cento --ou 545 mil pessoas-- a mais do que nos três meses até outubro. Em relação aos três meses até janeiro de 2015, o salto foi de 42,3 por cento, ou 2,859 milhões de pessoas a mais procurando uma colocação no mercado de trabalho, ambos números recordes na pesquisa.
Já a população ocupada caiu 0,7 por cento no trimestre até janeiro sobre o período imediatamente anterior, chegando a 91,650 milhões de pessoas, e recuou 1,1 por cento sobre o mesmo período do ano anterior.
RENDA MENOR
A Pnad Contínua mostrou ainda que o rendimento médio da população ocupada recuou a 1.939 reais mensais, queda de 0,5 por cento sobre o trimestre até outubro e de 2,4 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior.
Analistas consideram que o mercado de trabalho deve deteriorar ainda mais ao longo deste ano, dada a expectativa de profunda retração da economia. Pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, aponta que a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) sofra contração de 3,6 por cento este ano, depois de despencar 3,8 por cento em 2015.
O cenário de grave crise política enfraquece ainda mais a confiança de forma generalizada, afetando as decisões de investimento e contratações.
"A expectativa é de que as condições do mercado de trabalho se deteriorem mais, com a taxa de desemprego alcançando dois dígitos no curto prazo, dada a expectativa de que a economia tenha outra profunda contração em 2016", projetou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, em nota.
A Pnad Contínua substituirá a partir de agora a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que leva em consideração apenas as regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A última divulgação da PME ocorreu na véspera, apontando taxa de desemprego de 8,2 por cento em fevereiro.[nL2N16V0HX]
(Edição de Patrícia Duarte)