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Ásia vê mudança em relacionamento com EUA, seja qual for o resultado da eleição

Publicado 08.11.2016, 09:36
© Reuters.  Ásia vê mudança em relacionamento com EUA, seja qual for o resultado da eleição

Por Linda Sieg e Gayatri Suroyo

TÓQUIO/JACARTA (Reuters) - Ganhe ou não, a campanha de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos mudou a forma como os países da Ásia veem seus relacionamentos com Washington.

As últimas pesquisas de intenção de voto antes da eleição desta terça-feira apontam como resultado mais provável uma vitória de Hillary Clinton. Mas, mesmo a democrata, uma das responsáveis pela guinada estratégica dos EUA para a Ásia, terá trabalho pela frente para recuperar a confiança, de acordo com analistas e autoridades de nações asiáticas.

"Com ou sem Trump, essa eleição marca o fim da liderança dos EUA, em especial a liderança moral", disse um ex-diplomata japonês, que pediu para não ser identificado devido à sensibilidade do tema.

"Não acho que é uma questão de Trump como indivíduo, mas uma questão de a sociedade dos EUA que produziu esse homem como o candidato republicano", acrescentou.

Trump ignorou algumas tradições democráticas dos EUA durante sua campanha pela Casa Branca, atraindo multidões entusiasmadas que aplaudiam suas declarações muitas vezes polêmicas e agressivas. Críticos o chamaram de racista, hipócrita, demagogo e predador sexual, todas acusações negadas por eles.

O republicano disse que o país vive um momento escuro, de joelhos diante da China, do México e do Estado Islâmico.

Os ataques populistas de Trump contra a imigração e o comércio global contrastaram com a ideia dos Estados Unidos como uma potência benevolente que ajudou a moldar a economia global --e as forças da globalização-- desde a queda da União Soviética no inícios dos anos 1990.

Agora os EUA enfrentam a ascensão da China, uma força econômica há muitos anos que agora se torna mais assertiva também geopoliticamente.

A maior preocupação da Ásia diz respeito ao protecionismo comercial, uma vez que as exportações representam um quarto do PIB da Ásia e que um quinto delas tem como destino os Estados Unidos.

O acordo comercial Parceria Transpacífica (TPP), defendido pelo governo de Barack Obama em parte para aumentar a influência norte-americana na Ásia, era para ser um fator fundamental da guinada estratégica dos EUA para a Ásia --"uma Otan econômica"--, mas atualmente parece morto.

Tanto Hillary como Trump se opõem ao acordo, que estabeleceria uma zona de livre comércio entre 12 países, excluindo a China.

"Se os EUA abandonaram o TPP, certamente isso vai aumentar a influência da China na Ásia", disse Kanti Bajpai, professor de Estudos Asiáticos na Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, em Cingapura.

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