SÃO PAULO (Reuters) - Há evidências de que o aumento de financiamentos corporativos via mercados de capitais tem diminuído o custo do crédito do sistema financeiro, embora não seja possível no momento quantificar essa redução, disse nesta terça-feira o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana.
Segundo ele, o alívio se dá pelo efeito concorrencial no sistema, o que, ressaltou, está alinhado à conclusão do Relatório de Economia Bancária do BC de que a concorrência tem bem mais peso que a concentração na determinação do custo dos financiamentos.
O relatório foi divulgado nesta terça-feira.
A participação do mercado de capitais no saldo de crédito ampliado às grandes empresas subiu de 6% em 2013 para 11% em 2018. Já o estoque para pessoa jurídica nas operações de crédito com recursos direcionados caiu 8,1% em 2018.
O movimento em direções opostas decorre da queda dos diferenciais de juros entre ambas as operações, em parte explicada pela baixa da Selic.
Viana tratou ainda de spreads de taxas em operações no mercado de câmbio, que no mercado primário (exportação, importação, remessas) têm subido desde a crise financeira de 2008 e é maior para as operações de compra de dólar pelas instituições financeiras do que para venda.
O diretor do BC disse que os estudos sobre as causas desse aumento do spread no mercado cambial ainda estão em andamento, mas disse que tornar a moeda brasileira conversível ajudaria a reduzi-los.
"A carga regulatória pesada e o fato de a moeda não ser conversível trazem custos ao país", disse Viana em São Paulo.
O Banco Central confirmou que o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, anunciará na quarta-feira projeto de simplificação da legislação cambial, em um primeiro passo para a conversibilidade do real.
(Por José de Castro)