Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A Agroconsult elevou ligeiramente nesta quinta-feira sua previsão de produção de soja do Brasil na safra 2024/25, apesar de preocupações com o tempo seco no Sul do Brasil, previsão que marca o início de uma expedição por áreas produtoras de todo o país.
A consultoria estimou que os agricultores colherão um recorde de 172,4 milhões de toneladas, em comparação com as 172,2 milhões de toneladas previstas anteriormente.
Se confirmada a estimativa, a safra que apenas começou a ser colhida cresceria quase 11% em relação à temporada anterior, atingida por problemas climáticos e estimada pela Agroconsult em 155,5 milhões de toneladas.
O crescimento da safra deverá se dar com um aumento na área plantada de 1,5% ante o ciclo passado, para 47,5 milhões de hectares, além de uma recuperação maior nas produtividades.
A Agroconsult espera que todos os Estados no país, maior produtor e exportador global de soja, tenham uma produtividade acima da média dos últimos cinco anos, disse André Debastiani, coordenador-geral to Rally da Safra organizado pela consultoria.
A maior estimativa de produção reflete um salto na produtividade média de Mato Grosso para 63 sacas por hectare, 10 sacas a mais do que no ano passado, e perto do recorde de 2022/23.
Os riscos para a safra, que em muitas áreas ainda está em desenvolvimento, incluem chuvas excessivas no centro do Brasil, o que já está dificultando o trabalho de colheita dos primeiros lotes, além do tempo seco no Sul do país.
"Todo mundo sabe que as safras podem perder peso se não forem colhidas quando estiverem prontas", disse André Pessôa, presidente da Agroconsult, referindo-se às fazendas que ultimamente têm recebido muita chuva na região central do Brasil.
O tempo seco no Sul do país reduzirá os rendimentos em grandes Estados produtores como o Rio Grande do Sul para níveis mais baixos do que no ano passado, previu a Agroconsult, referindo-se ao Estado que nos últimos anos tem sofrido com secas severas, além das enchentes em 2024.
A consultoria citou ainda que em fevereiro a previsão é de poucas chuvas no Rio Grande do Sul, com regularização só em março. O Estado é um dos últimos a terminar os trabalhos de colheita.
MAIS EXPORTAÇÕES E ETANOL
A Agroconsult ainda elevou a sua estimativa de exportações de soja do Brasil para 105,1 milhões de toneladas em 2025, ante 103,4 milhões de toneladas na previsão divulgada em novembro, apesar de uma demanda menor da China esperada para a nova safra.
O volume previsto superaria a máxima de 102,8 milhões de toneladas de 2023, uma vez que outros países importadores da Ásia estão comprando mais soja, segundo Pessôa.
Ele destacou que o Brasil começa a safra com estoques de passagem altos e sua soja conta com "grande competitividade", graças ao câmbio.
Questionado, ele disse que a China, maior importador, deverá reduzir as compras de soja, mas o volume adicional do Brasil iria para outros países da Ásia.
"Todo o Sudeste Asiático. Têm crescido de forma robusta compras deles. O Brasil também exporta para Europa e alguns países do Oriente Médio", acrescentou.
"O Brasil não terá problema em exportar o excedente de produção", resumiu.
O especialista destacou ainda que, com o crescimento da indústria de etanol de milho, o mercado do cereal tem registrado mais compras antecipadas, melhorando a liquidez.
"Acabou a história de não ter liquidez para milho."
(Por Ana Mano)