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ANÁLISE-Atraso em colheita de cana no Brasil pode surpreender operadores na ICE

Publicado 26.03.2019, 18:03
© Reuters. Colheita de cana-de-açúcar em Pradópolis (SP)

Por Marcelo Teixeira

SÃO PAULO (Reuters) - Um provável atraso no início da safra de cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil pode pegar alguns players do mercado futuro de açúcar em Nova York desprevinidos, forçando-os a cobrir posições, segundo analistas e operadores de commodities.

Embora a safra de cana 2019/20 no centro-sul comece oficialmente em abril, muitas usinas iniciam a moagem mais cedo se as plantações já estiverem aptas para colheita. No entanto, os canaviais neste ano estão se desenvolvendo com algum atraso, após um período de seca entre dezembro e janeiro, seguido por amplas chuvas em março.

A chuva tardia pode levar algumas usinas a evitar o esmagamento para permitir que a cana transforme essa umidade em melhores rendimentos agrícolas.

"Se isso acontecer, se efetivamente tiver um atraso na safra, nós vamos ver as tradings e as usinas se movimentando para resolver esse problema de disponibilidade", disse Arnaldo Corrêa, diretor da consultoria especializada Archer Consulting.

Na sexta-feira passada, dados do governo dos EUA mostraram que os especuladores reduziram sua posição vendida líquida em açúcar bruto na bolsa de futuros ICE, surpreendendo muitos no mercado.

O Brasil é um grande fator de oscilação no mercado mundial de açúcar, devido à flexibilidade de suas usinas, que conseguem ir mais rápido ou mais devagar no processamento, ou direcionam mais cana para etanol em detrimento do açúcar, dependendo dos preços.

"Se houver um atraso na moagem, a oferta de açúcar bruto que pode ser entregue contra o vencimento do contrato maio pode ser severamente restringida", disse um analista de uma grande trading europeia à Reuters.

"Haverá muito debate sobre especificamente quanto de cana será esmagado na segunda quinzena de março e em abril", disse o analista, pedindo anonimato.

O início da colheita de cana no Brasil variou drasticamente nos últimos anos. Em 2016, as usinas brasileiras processaram 80 milhões de toneladas de meados de março até o final de abril, mas em igual período de 2017 esse volume caiu para menos de 50 milhões de toneladas.

No ano passado, o centro-sul do Brasil esmagou 67,7 milhões de toneladas nesse intervalo de seis semanas, produzindo 2,41 milhões de toneladas de açúcar. Os analistas estão prevendo menor moagem neste ano.

A Datagro, por exemplo, vê a maioria das usinas adiando o início da moagem em duas semanas devido aos altos estoques de etanol e desenvolvimento incompleto da cana.

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) informou nesta terça-feira que apenas 27 usinas do centro-sul operavam na primeira quinzena de março, contra 50 há um ano.

Se o processamento continuar atrasado, as usinas e traders que já venderam açúcar em Nova York poderão rolar suas posições para o contrato julho, em vez de entregar o açúcar. Isso poderia deixar alguns compradores tendo que ir atrás de novos suprimentos.

A previsão de tempo aberto no início de abril no centro-sul do Brasil, no entanto, poderia ajudar a impulsionar a moagem, trazendo açúcar para o mercado como esperado.

© Reuters. Colheita de cana-de-açúcar em Pradópolis (SP)

Dib Nunes, um especialista brasileiro em cana, disse que os canaviais em algumas regiões importantes, como Presidente Prudente e Araçatuba, provavelmente sofrerão atrasos no processamento, mas outras partes do Estado de São Paulo talvez não tenham esse problema.

Nem todas as usinas brasileiras sem dinheiro podem se dar ao luxo de esperar, no entanto.

"Um atraso potencial seria de 15 ou 20 dias no máximo, não mais, porque muitas usinas também precisam fazer caixa", disse ele, acrescentando que muitas empresas optam por iniciar cedo e produzir etanol para venda no mercado à vista, que oferece liquidez diária.

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