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Argentina pedirá aos EUA investigar crimes financeiros em litígio por dívida

Publicado 02.08.2014, 19:46
Atualizado 02.08.2014, 20:00
Argentina pedirá aos EUA investigar crimes financeiros em litígio por dívida

Buenos Aires, 2 ago (EFE).- Enquanto as negociações entre o governo da Argentina e os fundos especulativos seguem abertas, o país ultima neste sábado uma apresentação perante a Comissão do Bolsa de Valores americano (SEC) para averiguar a existência de possíveis crimes financeiros.

O titular da Comissão Nacional de Valores (CNV) da Argentina, Alejandro Vanoli, assegurou hoje que a entidade pedirá à SEC a averiguação do suposto uso de informação privilegiada no litígio entre o governo argentino e os fundos de investimento que rejeitaram a reestruturação da dívida e passaram a exigir o pagamento de cerca de US$ 1,5 bilhão após uma decisão propícia.

Vanoli revelou que há algumas semanas a CNV "abriu uma investigação vinculada com a operatória de bônus, particularmente os reestruturados, para ver se havia uso de informação privilegiada ou manipulação de mercado, tanto por parte de entidades locais como internacionais, incluindo pessoas que possam estar vinculadas ao julgamento".

Segundo o titular da CNV, a apresentação que será realizada nos Estados Unidos procura detectar possíveis irregularidades na decisão da Associação Internacional de Swaps e Derivados (ISDA) de ativar os seguros de falta de pagamento por descumprimento da Argentina.

"Um dos membros que votou (em ISDA) para que se gatillen (ativem) os seguros é o fundo Aurelius, um dos abutres que está fazendo esta reivindicação no julgamento articulado pelo juiz americano Thomas Griesa", disse Vanoli à agência oficial "Télam".

"O questionamento é que este abutre estaria votando em um organismo para se beneficiar com o seguro (por falta de pagamento)", especificou Vanoli, antes de lembrar que o uso de informação privilegiada e manipulação do mercado "são delitos penais tanto na Argentina como nos Estados Unidos".

Após a audiência realizada ontem no julgamento de Griesa, o Ministério da Economia da Argentina se voltou contra o juiz em comunicado, no qual o acusou de "não resolver nada" e de "beneficiar os fundos abutres".

Na audiência, Griesa chamou às partes a seguir negociando, mesmo após o vencimento do prazo de 30 dias que tinha o Executivo de Cristina Kirchner para pagar os credores da dívida em moratória desde 2001, encerrado na última quarta-feira.

Desde então, existe uma divisão de opiniões entre os economistas argentinos sobre se o país entrou ou não em moratória e as consequências mais imediatas.

"Estamos em situação de "default" (falta de pagamento). Foi o que disseram quase todas as agências de crédito do mundo, inclusive na China", afirmou à Agência Efe Fausto Spotorno, diretor do Centro de Estudos Econômicos da empresa de consultoria Orlando J. Ferreres.

Segundo Spotorno, a moratória afetará negativamente a economia argentina, especialmente o setor privado, e provocará uma queda de emprego, uma maior recessão econômica e mais inflação.

Em declarações à Efe, o diagnóstico do diretor da empresa de consultoria Fazer, Pablo Tigani, foi o oposto: "De modo algum estamos em cessação de pagamentos. A Argentina efetuou o depósito do dinheiro em tempo e forma".

Tigani lembrou que a maioria dos fundos correspondentes ao último vencimento da dívida reestruturada se mantêm bloqueados em entidades bancárias por ordem judicial.

Para desbloquear o pagamento aos detentores de bônus que aceitaram importantes tiras em 2005 e 2010, Griesa exige que o governo argentino pague de modo simultâneo os denominados fundos abutre, que se negaram a reestruturar a dívida.

Para o ex-presidente do Banco Central da República Argentina Javier González Fraga, a Argentina ficou "em um limbo", enquanto o consultor Gabriel Rubinstein, através de sua conta no Twitter, advertiu que terá que "pagar sim ou sim" para não entrar em um "default pleno".

O único aspecto em que todos concordam é que a situação atual da Argentina é incomparavelmente melhor que a de 2001, quando Argentina sofreu a crise do "corralito".

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