RIGA (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) tem argumentos "claros" para cortar as taxas de juros em sua próxima reunião, enquanto a economia da zona do euro pode estar enfrentando um ponto de inflexão, disse à Reuters o formulador de política monetária do BCE Martins Kazaks.
Investidores precificaram totalmente um corte para a reunião do BCE de 17 de outubro, após uma série de dados de inflação e crescimento abaixo do esperado, bem como mensagens cada vez mais claras das autoridades do BCE, incluindo da presidente da instituição, Christine Lagarde.
Kazaks, que é presidente do banco central da Letônia, observou que o crescimento dos salários diminuiu e as margens de lucro encolheram, ao mesmo tempo em que a recuperação econômica permaneceu indefinida em grande parte da zona do euro, criando um caso "claro" para uma redução da taxa de depósito neste mês.
"Concordo plenamente com a precificação do mercado de que a decisão em outubro será muito clara", disse Kazaks em uma entrevista em Riga. "É claro que não vou pré-julgar a decisão hoje, mas ela é muito clara e, em minha opinião, os riscos para o crescimento são importantes e precisam ser tratados."
Kazaks teme que as empresas da zona do euro possam começar a dispensar trabalhadores à medida que a perspectiva de uma recuperação se evapore, em um efeito de bola de neve que prejudicaria ainda mais o crescimento.
Ele disse que, mesmo depois de um corte de 25 pontos-base, a taxa de depósitos do BCE, então em 3,25%, permaneceria em um nível que restringe a atividade econômica, o que deve ajudar a amortecer a inflação no setor de serviços.
Por outro lado, ele não viu necessidade de mudar o ritmo de redução de juros, já que o BCE tem tempo para tomar outras medidas.