Berlim, 29 mar (EFE).- O Governo da Alemanha decidiu prolongar por outros seis meses, até o final de setembro, a proibição de exportar armamento à Arábia Saudita pelo envolvimento de Riad na guerra do Iêmen, informou a vice-porta-voz do Executivo alemão, Ulrike Demmer nesta sexta-feira.
Demmer explicou em entrevista coletiva que os partidos da coalizão tomaram uma "boa decisão", que deve ser agora adotada pelo Conselho de Segurança, o órgão competente para autorizar as transações armamentísticas.
A porta-voz afirmou que para tomar esta decisão foram levados em conta "todos os aspectos relevantes", incluída a "situação dos direitos humanos" na Arábia Saudita, ao ser questionada sobre a relação deste veto com o assassinato, no ano passado, do jornalista Jamal Khashoggi.
O Governo alemão contempla, além disso, compensar algumas empresas alemãs que podem sofrer perdas devido a este veto, como um estaleiro que obteve um contrato de fabricação de lanchas patrulheiras para a Arábia Saudita.
O acordo do governo permite a exportação de peças para armas a terceiros países, mas com o compromisso de que essas nações não exportem o armamento final à Arábia Saudita nos próximos nove meses, até final do ano.
A decisão foi tomada após semanas de desencontros dentro da coalizão de governo entre conservadores e sociais-democratas, pois os primeiros eram a favor de relaxar o veto enquanto os segundos asseguravam que não havia motivos para mudar a decisão.
Os sociais-democratas tinham destacado a necessidade de ser coerentes com os valores que a Alemanha defende em sua política externa, enquanto os conservadores da chanceler Angela Merkel estavam mais preocupados com as pressões de Paris e Londres para que acabassem com a proibição.
França e Reino Unido criticaram fortemente Berlim nas últimas semanas porque esta proibição afeta diretamente a fabricação de certas armas em seus países que precisam de peças alemãs.
"O Governo alemão quer uma linha comum europeia. Estamos em contato com nossos parceiros e seguiremos falando para buscar uma linha comum", explicou Demmer.