RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Michel Temer assinou nesta sexta-feira decreto autorizando a atuação das Forças Armadas na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro até o final deste ano, em meio à crise financeira e de segurança vivida pelo Estado.
A ação contará com mais de 10 mil homens das Forças Armadas, tropas federais e polícias locais.
Em vídeo gravado e publicado nas redes sociais, Temer disse que o aumento da violência no Rio de Janeiro é uma preocupação do governo federal.
“O objetivo da missão é defender a integridade da população, preservar a ordem pública e garantir o funcionamento das instituições. O agravamento da situação de segurança pública está no centro de nossas preocupações”, disse o presidente.
Logo após o decreto da GLO ser publicado tropas militares já eram vistas circulando em vias expressas do Rio de Janeiro. Barreiras de fiscalização também foram montadas em rodovias e estradas.
Embora o decreto fale em utilização dos militares em operações de garantia da lei e da ordem (GLO) em solo fluminense até 31 de dezembro de 2017, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, garantiu em entrevista coletiva no Rio que o compromisso do governo com o Estado vai até o final de 2018.
"Esse é o compromisso claro do governo que vai até o último dia do seu mandato, em 31 de dezembro do próximo ano. Enfatizo o que já destacou o ministro da Defesa, o decreto fala em 2017 apenas por questão administrativa e orçamentária. A atividade será tão frequente quanto possível e necessária ao longo dos próximos 18 meses", disse Jardim.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, tinha dito que atuação para a garantia da lei e da ordem no Rio se daria até o final do atual mandato presidencial, em 31 de dezembro de 2018, e disse que o foco das Forças Armadas no apoio às forças de segurança fluminenses serão os arsenais e as rotas usadas pelos traficantes de drogas.
O ministro alertou na ocasião que a atuação pode provocar uma reação do crime organizado que gere um clima de guerra no Estado.
De acordo com o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, a operação integrada vai atuar principalmente na região metropolitana do Rio de Janeiro.
“O objetivo não é apenas inibir o crime organizado. Agora, a operação visa golpear o crime organizado, seus meios e cadeias de comando para reduzir sua capacidade operacional”, disse.
“Não vamos ter ocupações de comunidades, patrulhamentos permanentes… serão ações sequenciais mas sem ocupação permanente de espaço”, acrescentou.
A ação conjunta contará com 8.500 militares das Forças Armadas, 620 homens da Forças Nacional de Segurança, 380 agentes da Polícia Rodoviária Federal e 740 policiais do Rio de Janeiro.
Nessa sexta-feira, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, afirmou que no Estado há muitas armas internacionais circulando o que dificulta o combate ao crime.
“Não estão entrando apenas armas das Farc e da Venezuela , mas há presença forte do crime no Paraguai e vinda de armas também dos EUA como vimos na apreensão de fuzis feita no Galeão”, disse Pezão, após uma reunião do grupo de enfrentamento ao roubo de cargas, um tipo de crime que evoluiu intensamente a partir do ano passado no Estado.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)