CABUL (Reuters) - A comunidade mundial ainda tem que encontrar uma resposta adequada à destruição cultural como a demonstrada pela demolição deliberada de locais antigos na Síria e no Mali por radicais islâmicos, disse a chefe da organização cultural da ONU.
Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) disse que demorou algum tempo para as autoridades responderem de forma significativa ao que os grupos extremistas estavam fazendo.
Esses grupos normalmente procuram limpar o terreno para perseguir minorias e consolidar o poder pela "limpeza cultural", removendo vestígios de outras culturas, disse ela à Reuters em uma entrevista em Cabul.
Quinze anos atrás, o Taleban afegão deu um dos exemplos mais notórios recentes quando explodiu duas estátuas gigantescas antigas de Buda em 2001, decretando que eram anti-islâmicas.
Mas a destruição de santuários medievais em Timbuktu por jihadistas do Mali em 2012 e, em seguida, a destruição por militantes do Estado Islâmico de partes da antiga cidade de Palmira na Síria no ano passado ressaltaram o perigo, disse Bokova, que está entre os candidatos para assumir no final do ano a secretaria-geral da ONU.
"Eu tenho que dizer que no início da crise síria não fomos levados a sério quando começamos a denunciar essa destruição", disse Irina, ex-ministra das Relações Exteriores da Bulgária.
"Agora eu acho que as pessoas veem o perigo que é. Eu sei que não é fácil, mas agora todo mundo leva a sério a destruição do patrimônio e da cultura como parte dessa estratégia extremista. Provavelmente é a personificação mais visível disso, mesmo", disse ela.