CABUL, 27 Dez(Reuters) - O comandante do exército do Paquistão, general Raheel Sharif, se encontrou com o presidente do Afeganistão Ashraf Ghani neste domingo, na mais recente de uma série de reuniões entre os dois a fim de pavimentar as tratativas pela paz com o Taliban.
Políticos do Paquistão, do Afeganistão e da Índia têm se reunido nos últimos meses para, acredita-se, amenizar as tensões de longa data entre Islamabad, Nova Delhi e Cabul.
O gabinete de Ashraf Ghani afirmou que a reunião neste domingo focou em segurança e esforços conjuntos para combater o terrorismo, e o recomeço dos diálogos pela paz com elementos mais moderados do Taliban após quase 15 anos de guerra." Os dois lados concordaram em continuar com o processo de paz com grupos do Taliban que estão dispostos a negociar e a reconciliar, e concordaram em agir contra aqueles grupos que recorrem a ações terroristas e violências", afirmou o gabinete do presidente afegão em comunicado.
Os dois lados concordaram em coordenar operações contra o terrorismo e em trabalhar para prevenir que as regiões montanhosas e fronteiriças dos dois países, onde as autoridades do governo são fracas, sejam usadas para que insurgentes trafeguem livremente.
A visita de Sharif a Kabul acontece após dois encontros entre Ghani e o primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif nas últimas semanas que prepararam terreno para o recomeço dos diálogos pela paz, mediados pelo Paquistão, com o Taliban. Fontes do governo afirmam que as tratativas devem iniciar já no próximo mês.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, fez uma visita surpresa à cidade paquistanesa de Lahore na última semana, depois de voltar do Afeganistão, onde ele inaugurou um prédio do parlamento local financiado pela Índia e entregou três helicópteros militares de fabricação russa.
O general Raheel Sharif, cuja influência na política paquistanesa se estende muito além do que geralmente se convém para um comandante das Forças Armadas, esteve em Washington no último mês. Na ocasião, o presidente Barack Obama e membros do governo enfatizaram a necessidade da retomada dos diálogos com o Taliban.
O Paquistão é visto com muita suspeita em boa parte do Afeganistão, onde dizem que Islamabad tem financiado a insurgência Taliban com o objetivo de desestabilizar o seu vizinho do norte e aumentar sua própria influência sobre ele.
Por sua vez, o Paquistão, onde acredita-se que muitos líderes do Taliban estejam vivendo, nega a acusação e diz que também é alvo dos combatentes. No começo do mês, completou um ano do ataque em uma escola de Peshawar onde atiradores do Taliban mataram 134 estudantes.
As tratativas pela paz com o Taliban se enfraqueceram em julho, quando surgiu a informação de que o líder do grupo rebelde Mullah Mohammad Omar estaria morto há mais de dois anos e sua morte havia sido abafada.
(por Hamid Shalizi)