BRASÍLIA (Reuters) - O mercado brasileiro de capitais pode ter um reversão acentuada no ano que vem se houver uma melhora nos cenários fiscal e de inflação, disse um executivo da SulAmérica Investimentos nesta quarta-feira.
Isso, mesmo num contexto de baixo crescimento econômico e de governo politicamente frágil, horizonte que a administradora de recursos, que tem mais de 21 bilhões de reais sob gestão, considera o mais provável para os próximos anos.
"Os prêmios (de risco) estão muito altos; se houver diminuição da percepção de risco, o mercado de capitais doméstico pode ter uma inflexão", disse o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, à Reuters, durante evento do setor de fundos de pensão.
Nesse aspecto, disse ele, a aprovação pelo Congresso Nacional da proposta de volta da cobrança CPMF pode ser um forte componente para melhorar a percepção de risco dos agentes financeiros em relação à solvência da dívida pública.
Seus comentários vão na contramão do que dizem representantes de fundos de previdência complementar, que esperam uma extensão da tendência dos últimos dois anos, de maior interesse em títulos públicos.
Para Mello, esse tem sido o comportamento predominante neste ano, inclusive nos fundos abertos, com persistente migração de recursos de fundos considerados mais arriscados, como os multimercados, para os de renda fixa.
Mas no ano que vem isso pode mudar, numa eventual repetição do que aconteceu em 2003. Naquele ano, o primeiro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Ibovespa saltou quase 100 por cento, mesmo com a economia estagnada, porque o mercado se acalmou com os sinais do governo para manter a inflação baixa e a sustentabilidade da dívida pública.
"Nem é preciso necessariamente ter o melhor cenário em termos políticos; basta o país ter mais governabilidade", disse Mello, para quem o câmbio depreciado pode ainda atrair os investidores estrangeiros para ações brasileiras.
(Por Aluísio Alves)