BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff rechaçou nesta segunda-feira ter cometido erros na condução da economia na sua gestão e reclamou do clima de pessimismo na área, mas admitiu que houve uma avaliação equivocada do governo sobre os impactos da crise financeira internacional no Brasil.
"O mesmo pessimismo que houve com a Copa está havendo com a economia. E como economia é na expectativa, é muito mais grave", disse Dilma ao participar de sabatina organizada conjuntamente pelo jornal Folha de S.Paulo, portal UOL, rádio Jovem Pan e Rede SBT, realizada no Palácio da Alvorada.
O Brasil vem enfrentando um baixo crescimento com a inflação em 12 meses perto do teto da meta do governo --de 4,5 por cento mais 2 pontos percentuais de tolerância. E o mercado de trabalho começa a demonstrar sinais de fraqueza.
"Minimizamos os efeitos da crise sobre a economia brasileira", disse a presidente, repetindo que a inflação "não está descontrolada."
Questionada sobre se manteria Guido Mantega no Ministério da Fazenda e Alexandre Tombini como presidente do Banco Central num eventual segundo mandato, a petista não quis responder. "Não é hora de falar sobre ministério."
A presidente também demonstrou irritação com a divulgação de um relatório do banco Santander na semana passada, que disse aos seus clientes mais ricos que a reeleição de Dilma poderia agravar o cenário econômico.
"Acho muito perigoso especular em períodos eleitorais". E considerou a postura do banco como "lamentável", dizendo ser "inadmissível" aceitar qualquer interferência de um setor na economia e nas eleições. E achou "muito protocolar"o pedido de desculpas do banco após o episódio.
A coluna mensal para clientes ricos, intitulado "Você e seu dinheiro", do Banco Santander Brasil SA, observou que uma queda na popularidade de Dilma ajudou a desencadear uma alta recente no mercado de ações brasileiro, uma visão comum entre os economistas e investidores que acreditam que políticas intervencionistas do governo têm contribuído para a atual fraqueza econômica no Brasil.
A nota dizia ainda que o mercado poderia reverter parte dessa alta recente se a popularidade da presidente se estabilizasse ou melhorasse nas pesquisas de opinião, o que irritou membros do governo e do PT.
Perguntada se pretende processar o banco, disse que vai "conversar", acrescentando, que conhece "bastante bem" o presidente-executivo do Santander, Emilio Botín.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro; Edição de Alexandre Caverni)