O cenário atual revela algumas nuances sobre o mercado de infraestrutura no Brasil e a forma como ele está sendo precificado em relação aos títulos do governo (NTNBs). Há uma visão bastante otimista sobre as debêntures do setor e seu risco está praticamente equiparado ao dos títulos do Tesouro NTNBs. Isso pode ser sustentável no curto prazo, mas em um horizonte mais longo, qualquer mudança poderá levar a um reposicionamento desses spreads, com potenciais aumentos para refletir um risco mais adequado.
A remuneração adicional de até 0,5% sobre os títulos públicos parece bastante baixa quando se considera o risco adicional de crédito ao investir em empresas, mesmo que sejam de infraestrutura. Tradicionalmente, investimentos corporativos pagam um prêmio mais alto para compensar o risco adicional em relação aos títulos soberanos, que são vistos como mais seguros.
A diferença tão pequena na remuneração atual pode indicar que os papéis de infraestrutura estão sendo vistos com um nível de segurança quase equivalente ao de títulos soberanos, o que é atípico. A infraestrutura é um setor de menor risco dentro do mercado corporativo. Portanto, é comum ver spreads mais baixos, mas 0,5% acima dos títulos do governo é um prêmio modesto demais, mesmo que haja a isenção de Imposto de Renda.
O ganho é relativamente baixo se considerarmos o risco adicional, mesmo em papéis de empresas de infraestrutura, que tendem a ser vistos como mais seguros dentro do setor privado. Esse tipo de spread sugere que o mercado vê essas empresas quase como uma extensão de baixo risco, talvez devido a parcerias público-privadas ou a uma regulamentação mais rigorosa que garante uma estabilidade mínima nos fluxos de receita. No entanto, este é um risco corporativo, que pode estar sujeito a fatores de mercado e à saúde financeira de cada empresa, o que significa que o retorno deveria, em tese, ser maior para refletir este risco.
O cenário para esses papéis pode mudar, principalmente com base em alguns fatores-chave. O primeiro é a possibilidade de mudanças na Taxa de Juros: a política monetária pode influenciar significativamente esses spreads. Aumentos nas taxas de juros ampliam a concorrência com os títulos do governo, pressionando o setor privado a pagar um prêmio maior. Já caso o Banco Central venha a cortar os juros, a busca por retornos mais altos pode fazer com que investidores aceitem prêmios ainda mais baixos para infraestrutura.
Outro fator que pode levar à reversão é risco Fiscal e Econômico. Sabemos que o risco soberano afeta a percepção do risco de crédito corporativo. Com uma deterioração fiscal do Brasil, os títulos públicos tendem a se tornar mais arriscados, o que levaria a um aumento do prêmio dos papéis corporativos, incluindo os de infraestrutura.
Deve-se lembrar que a expectativa de crescimento econômico influencia e muito a precificação. Em períodos de crescimento econômico robusto, a percepção de risco das empresas de infraestrutura tende a diminuir, e investidores podem se sentir confortáveis com spreads mais baixos. Em contrapartida, uma desaceleração econômica ou crises podem levar a um aumento nos spreads de risco para refletir uma maior incerteza nos fluxos de caixa dessas empresas.
Por último e não menos importante, temos a possibilidade de mudanças regulatórias e contratuais. Em infraestrutura, questões como marcos regulatórios, estabilidade de contratos e políticas de apoio são cruciais. Assim, qualquer alteração nesse aspecto, seja por flexibilização ou por fortalecimento, pode afetar a percepção de segurança desses investimentos e, assim, impactar os prêmios.
O ano de 2024 será marcado pelo recorde de emissões de títulos de renda fixa, puxado pelas debêntures. Até setembro o volume superou todo o valor de 2013, atingindo o total de R$ 315,58 bilhões, o que revela o otimismo quase exagerado com o crédito privado corporativo, já que o retorno oferecido é pequeno em relação aos riscos incorridos. Na verdade, não há praticamente diferença ao ofertado pelo Tesouro Direto. Esse cenário não é sustentável no longo prazo e os fatores elencados demonstram que a reversão deve ocorrer no longo prazo.
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