Taxas futuras recuam com impasse comercial entre Brasil e EUA e falas de Galípolo no radar
Houve notícias favoráveis para os investidores interessados em ouro e Bitcoin.
Na sexta-feira, o preço do ouro atingiu US$ 3.390 por onça, seu nível mais alto em duas semanas, apoiado pela intensificação das tensões comerciais e pelas expectativas crescentes de um corte na taxa de juros nos Estados Unidos. Novas tarifas alfandegárias promovidas pelo presidente Donald Trump foram aplicadas, variando de 10% a 50% e tendo como alvo vários países.
Uma tarifa de 100% sobre semicondutores importados também foi anunciada. Apesar de algumas isenções para empresas dispostas a fabricar nos EUA, essas medidas contribuíram para aumentar a incerteza nos mercados.
Ao mesmo tempo, o presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, indicou que cortes nas taxas de juros podem ser necessários no contexto de uma desaceleração da economia dos EUA.
Os dados sobre os pedidos iniciais e contínuos de auxílio-desemprego superaram as expectativas, com o último atingindo um recorde de três anos. De acordo com o CME FedWatch, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro está agora estimada entre 91% e 93%.
Um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) dos EUA pode afetar o valor do dólar e, consequentemente, outras classes de ativos, como o Bitcoin. Quando o Fed corta as taxas de juros, o custo do dinheiro cai e manter dólares torna-se menos vantajoso, o que pode levar a um enfraquecimento da moeda norte-americana, já que os investidores buscam retornos alternativos.
Um dólar mais fraco pode aumentar o interesse pelo Bitcoin, que geralmente é visto como uma reserva alternativa de valor e uma ferramenta de diversificação de portfólio. Além disso, os cortes nas taxas podem estimular a atividade econômica, aumentando a liquidez e o apetite pelo risco, o que pode afetar a demanda por ativos como o Bitcoin.
Um fator significativo que pode favorecer o Bitcoin e o ouro é uma decisão recente dos Estados Unidos. O Congresso dos EUA aprovou uma lei que proíbe explicitamente a criação de uma moeda digital nacional (dólar digital).
Essa decisão ocorre em um momento em que os EUA parecem ter a intenção de estabelecer uma estrutura regulatória mais clara para o setor de criptomoedas. O pacote legislativo recentemente aprovado introduz medidas como a definição de funções entre a CFTC e a SEC, regras mais específicas para stablecoins e incentivos à inovação no setor de pagamentos digitais. O resultado parece ser um contraste de intenções, caracterizado pela introdução simultânea de restrições e aberturas.
Em nível político, a lei anti-CBDC (moeda digital do banco central) foi promovida por figuras que expressam grande desconfiança em relação ao Federal Reserve e ao governo federal. Esses temores, alimentados por comparações com o sistema de vigilância financeira da China e o e-yuan, baseiam-se na suposição de que um CBDC americano poderia levar a um controle excessivo sobre os hábitos de consumo dos cidadãos.
Entretanto, essas preocupações não levam em conta os mecanismos de proteção da privacidade que, por exemplo, o Banco Central Europeu está implementando no projeto do euro digital.
Há preocupações legítimas. As moedas digitais do banco central (CBDCs), ao oferecerem uma alternativa direta aos depósitos bancários, poderiam exacerbar o risco de corrida aos bancos em tempos de crise. Entretanto, casos recentes - como o colapso do Silicon Valley Bank em 2023 - mostram que o pânico financeiro já é capaz de se espalhar digitalmente. A resposta da Europa, que inclui limites e intermediários para a emissão de moeda digital, mostra que existem soluções.
O verdadeiro problema para os EUA, entretanto, pode ser outro: o isolamento do dólar do circuito cada vez mais ativo de CBDCs interbancários internacionais. O projeto mBridge, desenvolvido por países como China, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, tem como objetivo justamente criar um sistema de pagamento internacional que exclua o dólar e contorne o risco de sanções dos EUA.
As previsões indicam a possibilidade de o bitcoin atingir novos recordes de 125.000 e o ouro subir para 3.500, tendências apoiadas pelo futuro enfraquecimento do dólar.