Dívida estável e coordenação são fundamentais para crescimento da América Latina e do Caribe, diz FMI

Publicado 17.10.2025, 14:11
Atualizado 17.10.2025, 14:14
© Reuters.

Por Rodrigo Campos

(Reuters) - A América Latina e o Caribe enfrentam um crescimento mais lento e pressões inflacionárias persistentes à medida que a economia global se ajusta às grandes mudanças à persistente tensão geopolítica, disse o Fundo Monetário Internacional nesta sexta-feira em seu mais recente Perspectiva Econômica Regional.

O FMI disse nesta semana que prevê crescimento para a região de 2,4% em 2025, desacelerando para 2,3% em 2026, à medida que a recuperação pós-pandemia se perde força e as tensões comerciais globais pesam. Apesar da desaceleração da inflação, a expectativa é de que vários países ainda não atinjam suas metas.

Em seu relatório Perspectivas Econômicas Globais, divulgado na terça-feira, o FMI melhorou sua previsão para o crescimento global este ano devido aos efeitos mais brandos do que o esperado dos choques tarifários e às condições financeiras mais benignas.

O fundo disse que os governos da região devem colocar a dívida em uma trajetória estável, coordenar as políticas fiscal e monetária e facilitar o crescimento das empresas. Os atrasos, adverte o fundo, podem dificultar a realização até mesmo dessas modestas previsões de crescimento.

A dívida está novamente próxima das máximas atingidas durante a pandemia da Covid e o fundo estima que, para o Brasil, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru e Uruguai, as maiores economias da região, excluindo a Argentina, os governos precisam aumentar os resultados primários em cerca de 1,5 ponto percentual do PIB em comparação com 2024 para impedir que os índices de dívida piorem.

"Quer se trate de gastos ou receitas... essas coisas são importantes em quase toda a região", disse Rodrigo Valdes, diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental. "Há muitas deduções nos códigos tributários... a base dos impostos é menor do que deveria ser."

CREDIBILIDADE E POLÍTICA

O Fundo pediu planos fiscais plurianuais confiáveis, melhor arrecadação de impostos e gastos mais eficientes. O objetivo, segundo ele, deve ser estabilizar a dívida sem cortar investimentos ou programas sociais básicos.

Valdes, que se tornará diretor do departamento de assuntos fiscais do FMI em 27 de outubro, disse que "é sempre politicamente muito difícil, mas nunca é tarde demais para implantar um plano que seja confiável".

Essa credibilidade, disse Valdes, pode ajudar a atrair investimentos. "Se você acredita que a economia estará crescendo mais rapidamente daqui a dois ou três anos, você investe hoje", disse ele. "O ponto crítico é como criar um pacote que seja uma sequência de coisas que tornem tangível ou crível que isso acontecerá."

COORDENAÇÃO EM RISCO

O FMI alertou sobre o risco de sinais conflitantes das autoridades fiscais e monetárias. Ele destacou o Brasil e o México como os principais países onde isso pode ser importante.

"A falta de coordenação é um problema, como dirigir um carro com dois motoristas, um freando e o outro acelerando. Isso não é bom", disse Valdes.

O Fundo enfatizou que os bancos centrais funcionam melhor quando as finanças públicas estão estáveis. A dívida elevada e os sinais fiscais fracos podem limitar o impacto dos movimentos da taxa de juros e minar a confiança na combinação de políticas.

O Fundo considera que o crescimento potencial está preso em torno de 2,5%, bem abaixo de outros mercados emergentes. Ele apontou a produtividade fraca, o excesso de burocracia e o comércio regional insuficiente.

"Acho que, na região, a previsibilidade, o estado de direito, a criminalidade... são aspectos únicos na região, e precisamos melhorar muito mais para que o investimento possa vir rapidamente", disse Valdes. "A segunda coisa é ter mais integração comercial regional."

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