SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central vai reduzir menos ainda a taxa básica de juros neste ano, quando a inflação vai ficar ainda maior, segundo projeções da pesquisa Focus do BC, que ouve semanalmente uma centena de economias de instituições financeiras, divulgadas nesta segunda-feira.
A estimativa agora é que a Selic --em 14,25 por cento há mais de um ano-- encerre o ano em 13,75 por cento, sobre 13,50 por cento na semana anterior. Para o fim de 2017, a projeção foi mantida em 11 por cento.
O ciclo de corte da taxa terá início em outubro com redução de 0,25 ponto percentual, mesmo cenário mostrado no Focus anterior. O que mudou foi o recuou seguinte, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC no ano, em novembro, que passou a ser visto como de 0,25 ponto e não mais de 0,5 ponto. O próximo encontro acontece no final de agosto.
A pesquisa Focus mostrou que a flexibilização monetária continuaria ao longo de 2017, mas com maior intensidade, com cinco cortes de 0,50 ponto percentual em cada reunião entre janeiro e julho, para desacelerar o ritmo e encerrar o ano com a Selic a 11 por cento.
A estimativa para a inflação medida pelo IPCA este ano subiu a 7,31 por cento, sobre 7,20 por cento na semana anterior. Para 2017, a projeção foi mantida em 5,14 por cento, após recuar por seis semanas seguidas. A meta para o próximo ano é de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual.
A elevação na projeção para o IPCA este ano veio na esteira dos dados mais recentes que mostraram resistência da inflação. Em julho, o IPCA subiu 0,52 por cento, acumulando alta de 8,74 por cento em 12 meses, ainda sob a forte influência dos maiores preços de alimentos.
O BC reiterou, na última ata do Copom que não há espaço para corte na Selic, diante de importantes riscos, como o fiscal.
O Top 5 --grupo que mais acerta as projeções no Focus-- manteve a projeção para a Selic ao fim do ano em 13,75 por cento e em 11,25 por cento para 2017. Para a inflação este ano, a mediana subiu para 7,41 por cento, ante 7,20 por cento. Para 2017, a estimativa subiu para 5,25 por cento após 4,97 por cento na semana anterior.
A expectativa dos economistas para a retração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano passou a 3,20 por cento, ante queda de 3,23 por cento na semana anterior. Para 2017 a projeção permaneceu em crescimento de 1,10 por cento.
(Por Flavia Bohone)