Por Renee Maltezou e Deepa Babington
ATENAS (Reuters) - O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse à Reuters que está "firmemente otimista" de que seu governo chegará a um acordo com credores estrangeiros até o final de abril, apesar de discordâncias sobre questões importantes como reformas trabalhistas e de aposentadorias.
Em um comunicado, Tsipras disse que vários pontos de acordo foram alcançados desde que as negociações começaram, especialmente em áreas como arrecadação tributária, corrupção e iniciativas para distribuir o fardo de impostos àqueles que têm capacidade de pagar.
Mas admitiu que os dois lados discordaram em quatro pontos: questões trabalhistas, reforma de aposentadoria, alta em impostos sobre valor agregado e privatizações, às quais ele se referiu como "desenvolvimento de propriedade estatal", em vez de vendas de ativos.
As declarações foram dadas após sugestões de parceiros europeus de que um acordo para destravar a ajuda necessária é improvável de ser alcançado na próxima semana e que a Grécia corre o risco de ficar sem dinheiro e dar default nos pagamentos de dívidas.
"Apesar da cacofonia e vazamentos erráticos e declarações nos últimos dias do outro lado, eu continuo firmemente otimista de que haverá um acordo até o final do mês", disse Tsipras à Reuters em comunicado.
"Porque eu sei que a Europa aprendeu a passar por seus desacordos, a combinar suas partes e avançar."
Tsipras afirmou estar confiante que a Europa não irá "escolher o caminho da chantagem financeira antiética e brutal", mas em vez disso optar pelo "caminho de reduzir diferenças" e de "estabilidade".
Fora dos mercados de títulos e com a ajuda financeira congelada, a Grécia está perigosamente perto de ficar sem dinheiro e pode ser forçada a escolher entre pagar dívidas em maio ou pagar salários e aposentadorias do setor público.
Mas as negociações com credores europeus e do FMI têm sido marcadas por apreensões e acrimônia desde que Tsipras assumiu o poder prometendo acabar com os termos de austeridade ligados ao programa de resgate da Grécia e pioraram recentemente devido à extensão das reformas que Atenas tem que implementar.
O novo primeiro-ministro está sob crescente pressão ao enfrentar cofres vazios de um lado e uma população cansada da austeridade, bem como uma facção de extrema esquerda dentro de seu partido de outro lado, exigindo que Atenas mantenha sua posição.
Tsipras não disse se o governo tem espaço para oferecer mais concessões exigidas por credores, que querem que Atenas reforme ainda mais seu sistema de aposentadorias, eleve o imposto sobre valor agregado de certos itens e continue com o programa de privatizações.
O premiê citou como motivo para o impasse um "desacordo político", em vez de questões em nível técnico, em um aparente esforço para responder às acusações de que autoridades gregas falharam em fornecer dados e detalhes sobre as reformas como exigido.
"O governo grego está trabalhando duro em cada aspecto das negociações, em Bruxelas tanto quanto em Atenas, para alcançar uma solução mutuamente benéfica, um compromisso honesto com nossos parceiros", disse Tsipras.
"Um compromisso que irá respeitar o recente mandato popular bem como a estrutura operacional da zona do euro."