Investing.com – Embora os mercados tenham parecido surpresos na quarta-feira ao descobrir que o Federal Reserve (Fed) já decidiu reduzir seu portfólio de US$ 4,5 trilhões "ainda este ano", especialistas sentiram que o movimento é coerente com a futura mudança no comando do banco central norte-americano.
"Eu penso que faz sentido começar antes da transição na liderança do Fed", afirmou Jan Hatzius, economista-chefe do Goldman Sachs.
"Provavelmente haverá uma nova pessoa na presidência do Fed após o início de 2018, quando o chega ao fim o mandato de Janet Yellen, e já ter estabelecido um pouco a base da trajetória de como o balanço patrimonial será ajustado provavelmente faz sentido neste ponto para reduzir a incerteza que ocorrerá de outra forma neste período", explicou ele em uma entrevista à CNBC.
Economistas do Barclays têm uma opinião similar uma vez que possuem expectativas rotatividade dos membros do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).
Eles esperam que Janet Yellen, atual presidente do Fed, e Stanley Fischer, atual vice-presidente, se demitam após o fim de seus mandatos no início e na metade de 2018, respectivamente, e acreditam que Lael Brainard, outra dirigente do Fed, anunciará sua demissão mais ou menos no mesmo período. Com a saída de Daniel Tarullo, outro dirigente do Fed, além das duas vagas não preenchidas, estes especialistas preveem que Jerome Powell será o único dirigente que permanecerá no conselho após a metade de 2018.
"Acreditamos que o comitê possa desejar expor seus planos para o portfólio e iniciar o processo de reduzi-lo antes da saída da liderança atual, passando assim um conjunto completo de políticas de taxas de juros e balanço patrimonial para a próxima liderança no FOMC, em processo similar à transição entre os presidentes Bernanke e Yellen durante o processo de redução gradual de compra de ativos", afirmaram estes economistas em uma nota aos clientes.
"A menos que seja renomeada para o cargo, a presidente Yellen deixará sua cadeira em fevereiro de 2018 tendo definido seu legado como a primeira pessoa a liderar o banco central que teve êxito em retirar o limite inferior de zero e ter iniciado o processo de normalização após a crise financeira", acrescentou o Morgan Stanley em nota aos clientes.
"Se tudo correr bem, será um presente ao seu sucessor", disseram estes analistas, acrescentando que eles esperam mais duas elevações da taxa de juros em junho e setembro antes da redução do portfólio ser anunciada em dezembro.
Mercados apostam atualmente em torno de 58% de chances de alta da taxa de juros em junho, de acordo com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com.
Contudo, os futuros do fundo do Fed apontam que um segundo movimento em setembro tem apenas 30% de chances.
Fique atualizado sobre as expectativas do mercado de futuros movimentos da política de taxa de juros do Fed visitando:
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