Por Roberta Rampton e Manuel Mogato
VIENTIANE (Reuters) - As Filipinas se apressaram para tentar desfazer uma confusão com os Estados Unidos nesta terça-feira, e seu novo presidente, Rodrigo Duterte, expressou arrependimento por ter chamado o líder norte-americano Barack Obama de "filho da puta", o que levou Washington a cancelar uma reunião bilateral.
A rusga entre os dois aliados ofuscou a abertura de uma cúpula de nações do leste e do sudeste da Ásia em Laos, e também azedou a última passagem de Obama como presidente por uma região que ele tentou colocar no centro da política externa dos EUA, uma estratégia amplamente vista como uma reação à demonstração de força econômica e militar da China.
Em um discurso na cúpula, Obama afirmou que sua iniciativa de tornar os EUA um agente essencial na região Ásia-Pacífico não é uma "moda passageira".
Mas diplomatas disseram que as tensões com as Filipinas, uma aliada de longa data, podem agravar as dificuldades norte-americanas para criar uma frente unida com parceiros do sul asiático na disputa geoestratégica com Pequim no tocante ao Mar do Sul da China.
Duterte já protestou várias vezes contra as críticas à sua "guerra às drogas", que já matou cerca de 2.400 pessoas desde que ele assumiu o governo dois meses atrás, e na segunda-feira disse que seria uma "grosseria" Obama abordar a questão dos direitos humanos quando ambos se encontrassem.
Tal conversa, disse Duterte a repórteres, o levaria a xingar Obama usando uma frase filipina, "putang ina", que pode significar "filho da puta" ou "filho de uma cadela".
Depois que Washington reagiu descartando a reunião bilateral desta terça-feira entre Obama e Duterte, as Filipinas emitiram dois comunicados expressando arrependimento.
"O presidente Duterte explicou que as reportagens segundo as quais o presidente Obama iria lhe 'dar um sermão' por causa das mortes extrajudiciais o levaram a fazer aqueles comentários fortes, que por sua vez causaram preocupação", disse o governo filipino em uma comunicação.
"Ele lamenta que seus comentários à imprensa tenham causado tanta polêmica", acrescentou. "Ele expressou profunda consideração e afinidade pelo presidente Obama e pela parceria duradoura entre nossas nações".
Mais cedo a Casa Branca havia dito que Obama não iria se omitir sobre seus temores a respeito dos abusos de direitos humanos nas Filipinas, seu aliado de tratado, quando se reunisse com Duterte.