Davos (Suíça), 22 jan (EFE).- A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, advertiu nesta segunda-feira contra a complacência pela aceleração do crescimento econômico mundial, já que se trata de uma "recuperação cíclica" e existem incertezas que podem gerar "graves vulnerabilidades financeiras".
"O crescimento global se acelerou desde 2016 e todos os sinais indicam um fortalecimento contínuo neste ano e no próximo. É uma notícia muito bem-vinda", disse Lagarde em uma coletiva de imprensa em Davos (Suíça), onde apresentou a atualização das perspectivas econômicas do FMI.
O Fundo revisou hoje suas previsões de crescimento econômico mundial para 3,9% em 2018 e 2019, dois décimos a mais que o calculado em outubro, mas Lagarde disse que "a complacência é um dos riscos diante do qual temos que nos manter alertas".
"É claro que temos que ficar animados, mas não devemos estar satisfeitos", disse a principal responsável do FMI, que comentou que "ainda há muitas pessoas excluídas da recuperação" econômica, pois um quinto dos mercados emergentes e em vias de desenvolvimento viram seus investimentos per capita caírem em 2017.
Lagrade acrescentou que o crescimento que é agora mais elevado "é, em sua maioria, uma recuperação cíclica" e que, sem reformas, "as forças fundamentais que nos preocuparam (...) como as feridas da crise, a baixa produtividade e uma população que envelhece, e o potencial de crescimento futuro, continuarão ali".
De acordo com a diretora do FMI, existe uma "incerteza importante este ano", já que um longo período de taxas de juros baixas levou à geração de "vulnerabilidades financeiras potencialmente graves".
Lagarde, que presidirá junto com outras sete mulheres a 48ª reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, também enfatizou o "aumento inquietante da dívida em muitos países".
"Temos que permanecer vigilantes", recomendou a diretora do Fundo, que pediu aos líderes mundiais que "consertem o telhado agora que o sol está brilhando", em referência ao crescimento acelerado da economia global.
"Esta semana é a oportunidade perfeita para os líderes mundiais se concentrarem nesses consertos", indicou Lagarde, já que o tema do Fórum Econômico Mundial é "criar um futuro compartilhado em um mundo fragmentado".
"Os políticos devem aproveitar este momento para fazer reformas estruturais e fiscais difíceis que não fariam de outra maneira" em tempos com menos crescimento e recessão, recomendou Lagarde.
Isso implica dar passos para impulsionar o crescimento em longo prazo, reduzir a dívida onde ela esteja muito elevada e investir na economia através da infraestrutura e de gastos sociais eficientes, opinou.
Além disso, Lagarde afirmou que o crescimento "tem que ser mais inclusivo e algumas áreas centrais para consegui-lo incluem a formação para os trabalhadores deslocados pela automatização, a geração de novas oportunidades para os jovens e a inclusão de mais mulheres na força de trabalho".