XANGAI (Reuters) - Diante de um "preocupante" aumento do protecionismo, ministros do Comércio das principais economias mundiais concordaram em reduzir custos, aumentar a coordenação das políticas e melhorar o financiamento, disse o Ministro do Comércio da China, Gao Hucheng.
O grupo dos 20 ministros de Comércio, que encerraram um encontro de dois dias em Xangai neste domingo, aprovaram uma ampla estratégia de crescimento que visa reverter a desaceleração no comércio global, e apoiaram princípios que irão guiar as políticas de investimento global.
"A recuperação global continua, mas continua desigual e abaixo da nossa ambição por um crescimento forte, sustentável e balanceado. Os riscos de queda e vulnerabilidade persistem", disseram os ministros em um comunicado conjunto.
"Concordamos que precisamos fazer mais para atingir nossos objetivos em comum para o crescimento global, estabilidade e prosperidade."
O espectro do protecionismo tem aparecido sobre o comércio global em meio a um lento crescimento econômico e está pressionando as preocupações da China.
O setor de aço do país, enorme, porém com dificuldades, tem se apoiado nas exportações para compensar o impacto da baixa demanda doméstica, mas tem sido acusado de usar preços injustos para empurrar competidores estrangeiros para fora dos negócios.
Os ministros discutiram a necessidade de falar sobre supercapacidade, particularmente no setor do aço, mas alguns discordam sobre a necessidade de novos compromissos específicos para resolver o problema, disse uma autoridade sênior do comércio envolvida nas negociações, que não quis ser identificada, já que os detalhes das discussões não foram tornados públicos.
O comunicado conjunto refletiu as preocupações chinesas de que o país estava sendo isolado por culpa de um excesso que levou ao colapso dos preços globais, notando, ao contrário, que o excesso de capacidade no aço e outras indústrias é uma "questão global que exige respostas coletivas", e que subsídios e apoios governamentais poderiam causam distorções.
Os Estados Unidos têm sido uma voz crítica ao excesso de capacidade da China, afirmando que suas promessas não foram longe o suficiente para resolver o problema.
O representante do Comércio norte-americano, Michael Froman, disse em comunicado que o G20 havia "acrescentado ao coro de vozes pedindo por um ataque às raízes causadoras do excesso de capacidade para o benefício tanto de países desenvolvidos como em desenvolvimento."
Autoridades chinesas têm enfatizado repetidamente que o país tem sido vítima de ações anti-dumping excessivamente zelosas por parte de países estrangeiros, que falharam em levar a eficiência chinesa em consideração, ou os seus baixos custos de produção e força de trabalho.
A estratégia de crescimento do comércio adotada pelos ministros enunciou princípios amplos para estimular o comércio incluindo diminuir custos, impulsionar o financiamento e estimular o setor de serviços.
Os princípios para as políticas de investimento pedem que os governos evitem o protecionismo em relação a investimentos transfronteiriços e estabelecem condições "não-discriminatórias, transparentes e previsíveis" para investimento.
As taxas de câmbio globais, em fluxo desde o referendo da Grã-Bretanha sobre a saída da União Europeia, não foram mencionadas no comunicado conjunto, e a autoridade sênior do comércio envolvida nas negociações disse que o assunto não foi discutido.
Com o voto pela saída da Grã-Bretanha, representantes do Reino Unido e da União Europeia em Xangai salientaram que chegariam a um "novo arranjo sensível e maduro", disse à Reuters o ministro do Comércio e Indústria da África do Sul, Rob Davies, no sábado.