Buenos Aires, 12 ago (EFE).- Organizações políticas ligadas ao governo da Argentina realizaram nesta terça-feira um ato de respaldo à presidente Cristina Kirchner por sua atuação no litígio com os chamados fundos abutres em tribunais dos Estados Unidos.
Sob o lema "Argentina: pátria ou abutres", o ato aconteceu no estádio Luna Park, em Buenos Aires, com a presença de 10 mil pessoas, segundo números dos organizadores.
Convocado por diversos agrupamentos kirchneristas, o ato não contou com o discurso de nenhum dos integrantes do gabinete de Cristina, apesar das especulações de que um dos oradores poderia ser o ministro da Economia, Axel Kicillof, a quem os organizadores classificaram como o "Mascherano da economia", em alusão ao volante argentino que foi um dos destaques da última Copa do Mundo.
Por outro lado, estiveram presentes no ato o ministro do Trabalho, Carlos Tomada, e o de Educação, Alberto Sileoni, além do titular da Comissão de Valores da Argentina, Alejandro Vanoli, o presidente da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez, e a irmã da governante, Giselle Fernández.
Como parte do ato, houve números musicais e a projeção de vídeos, com discursos de Cristina e de seu marido e antecessor, o falecido Néstor Kirchner, que em 2005 e 2010 renegociou a dívida que caiu em moratória no final de 2001.
"Nesta briga contra os fundos especulativos está em jogo algo mais que ganhar uma eleição. Aqui estamos defendendo um projeto político, democrático e popular, que é o que lidera a presidente", disse no ato o vice-governador de Buenos Aires, Gabriel Mariotto, um dos oradores principais e organizadores da manifestação.
A Argentina foi condenada pelo juiz nova-iorquino Thomas Griesa a pagar a fundos de investimento a quantia de US$ 1,33 bilhão mais juros por bônus em moratória desde 2001 e que não participaram nas trocas de 2005 e 2010.
A aplicação da sentença mantém bloqueados os fundos que a Argentina aplicou para o pagamento de compromissos com credores de sua dívida reestruturada.
O deputado governista Andrés Larroque disse em seu discurso que Griesa, "mais que juiz, parece advogado dos abutres" e afirmou que a "condução" de Cristina Kirchner é "a maior garantia" que o país tem "para sair desta encruzilhada".
Entre as mensagens de adesão lidas durante o ato uma das mais destacadas foi a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse "apoiar a luta do povo e do governo argentino por sua soberania econômica e política perante os ataques especulativos praticados pelos fundos abutre".
"Essa afronta ao povo argentino é uma falta de respeito a todos os povos da América Latina. Tenho certeza que nossa querida Argentina conseguirá impedir essa injustiça contra seu povo. Contem com nossa solidariedade", declarou Lula na mensagem.
Por sua parte, o líder do agrupamento kirchnerista Miles, Luis D'Elía, afirmou que "um pequeno grupo de credores sem alma nem pátria" quer "modificar tudo o que se fez até agora" em matéria de reestruturação da dívida e que é uma "vergonha" que haja alguns argentinos a favor de pagar aos fundos.
"Estamos orgulhosos que, em vez de pensar nas manchetes dos jornais de amanhã, Cristina esteja pensando nos livros de história de daqui a 100 anos", comentou o dirigente.
A titular das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, opinou no ato que os que apoiaram a última ditadura militar são os mesmos que agora "dizem que é preciso pagar" os fundos querelantes.
"Peço aos jovens que não abandonem a luta porque vale a pena, porque temos uma presidente que devemos acompanhar", destacou Bonafini.