BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal vai focar as ações de segurança no Rio de Janeiro no controle dos crimes de tráfico de armas, drogas e pessoas e no contrabando para tentar estrangular o fluxo de dinheiro para as organizações criminosas, disse nesta segunda-feira o ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim, após reunião no Palácio do Planalto.
"Temos que desarticular o comando da criminalidade e estancar o fluxo de dinheiro", disse o ministro.
De acordo com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, o plano terá duração de 18 meses e contará com a atuação das Forças Armadas, mas não em policiamento ostensivo.
"A lógica não será colocar as Forças Armadas muito tempo nas ruas. Elas vão atuar em colaboração com os serviços de inteligência, pontualmente", disse Jugnmann.
Serão estabelecidos 24 postos especiais de fronteira e a Operação Ágata de fiscalização nas fronteiras --feita em conjunto com a Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência e Polícia Rodoviária Federal, normalmente com datas marcadas-- será retomada mas com atuação surpresa.
Uma outra ideia defendida pelo governo é a aprovação pelo Congresso de um dos projetos de lei que estabelecem os parlatórios nas prisões, permitindo que a conversa entre criminosos e advogados seja monitorada.
"As cabeças das organizações criminosas estão dentro dos presídios. Tem que ter parlatório, tudo tem que ser gravado, tudo tem que ser filmado. Temos que enfrentar isso", defendeu Jungmann. "Sem cortar a comunicação não se corta a cabeça do crime."
De acordo com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, os resultados são esperados apenas para o longo prazo.
"Estamos com um paciente com uma doença crônica em crise aguda", disse o ministro. "É um trabalho de longo prazo. Não pretendemos que em um passe de mágica seja possível resolver os problemas do Rio em uma semana, um mês, um ano."
Segundo Etchegoyen, não há previsão de expandir as ações para além do Rio de Janeiro, mas o estrangulamento do crime organizado irá beneficiar automaticamente outros Estados, já que o controle de entrada de armas e drogas nas fronteiras não serão restringidos ao Rio.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)