Por Paul Taylor e Renee Maltezou
BRUXELAS (Reuters) - O tempo está acabando para o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apresentar propostas de reforma críveis para conseguir ajuda de credores céticos em um cúpula emergencial da zona do euro nesta terça-feira, antes que os bancos de seu país fiquem sem dinheiro.
Mas a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que ainda não há base para reabrir as negociações com Atenas. "Não se trata de semanas, mas de poucos dias" para salvar a Grécia do colapso, afirmou Merkel a repórteres.
Com o Banco Central Europeu (BCE) apertando o nó sobre os financiamentos aos bancos gregos, Tsipras tentou convencer os outro 18 líderes do bloco a autorizarem negociações rápidas sobre novo empréstimo para resgatar a Grécia.
Merkel e o presidente da França, François Hollande, disseram após conferência em Paris na segunda-feira que a porta ainda estava aberta para o acordo.
Merkel deixou claro que era para Tsipras apresentar propostas convincentes após Atenas rejeitar aumentos de impostos, cortes de gastos e reformas previdenciárias e trabalhistas que estavam sobre a mesa antes de seu pacote de resgate de 240 bilhões de euros (262,7 bilhões dólares) expirar na semana passada.
Os ministros das Finanças da zona do euro se queixaram de que o seu novo colega grego, Euclid Tsakalotos, apesar de mais cortês do que seu antecessor Yanis Varoufakis, não tinha trazido nenhuma nova proposta para a reunião preparatória antes da cúpula desta tarde.
"Eu tenho a forte impressão de que havia 18... ministros das Finanças que sentiram a urgência da situação e há um... que não sente a urgência da situação", disse o ministro das Finanças belga, Johan Van Overtveldt.
Autoridades gregas disseram que as propostas do premiê não irão muito além do plano que ele enviou à zona do euro na semana passada antes dos eleitores gregos terem rejeitado por ampla maioria os termos de austeridade do resgate no referendo de domingo.
O ministro das Finanças finlandês Alexander Stubb, disse que a Grécia iria apresentar um pedido formal de empréstimo ao Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (ESM, na sigla em inglês) dentro de algumas horas.
Jeroen Dijsselbloem, presidente do "Eurogrupo" --que reúne os ministros das Finanças da moeda comum-- disse que os membros iriam realizar outra conferência na quarta-feira para avaliar o pedido grego de um programa de assistência a médio prazo.
Mais cedo, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que tem tentado um acordo de último minuto, disse ao Parlamento Europeu: "Existem alguns na União Europeia que abertamente ou secretamente trabalham para excluir a Grécia da zona do euro."
Ele não deu nomes, mas poderia estar se referindo ao ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, que não tem feito segredo de seu ceticismo sobre a aptidão da Grécia para permanecer no euro e na semana passada sugeriu uma possível saída "temporária".
Do lado grego, a chave para se chegar a qualquer acordo politicamente aceitável será assegurar um forte compromisso de Merkel e outros credores sobre a reestruturação da imensa dívida grega, que o próprio Fundo Monetário Internacional diz ser insustentável.