Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - Um distúrbio neurológico que pode ter ligação com o Zika vírus tem apresentado cada vez mais casos no Brasil, Colômbia, El Salvador, Suriname e Venezuela, afirmou neste sábado a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Síndrome de Guillain-Barré, um ataque do sistema imunológico a parte do sistema nervoso, causa fraqueza gradual nas pernas, braços e no tronco. Em alguns casos, a doença pode levar à total paralisia.
"No contexto da epidemia do Zika vírus, Brasil, Colômbia, El Salvador, Suriname e Venezuela reportaram um aumento dos casos de SGB (Síndrome de Guillain-Barré)", informou a OMS em um relatório semanal sobre o vírus Zika, que agora está disseminado em 34 países, sendo 26 nas Américas.
"A causa do aumento da incidência de SGB observado no Brasil, Colômbia, El Salvador e no Suriname ainda é desconhecida, mas a dengue, a chikungunya e o Zika estão circulando simultaneamente nas Américas", acrescentou o relatório.
A OMS afirmou que as pesquisas para determinar o porquê do aumento de casos continuam, mas lembrou que não há confirmação laboratorial de presença do Zika vírus em pacientes com a síndrome na Colômbia e em El Salvador.
A Venezuela reportou 252 casos de Síndrome de Guillain-Barré ocorridos simultaneamente e no mesmo lugar de infecções do vírus Zika, informa o relatório. "A infecção com Zika foi confirmada em três dos casos de SGB, incluindo um caso fatal."
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse na quinta-feira que três pessoas morreram de complicações do vírus Zika e que o número de casos suspeitos subiu para 5.221.
Mesmo nas melhores condições, de 3 a 5 por cento dos pacientes com a síndrome de Guillain-Barré morrem em decorrência de complicações da doença, que incluem paralisia dos músculos que controlam a respiração, infecção sanguínea, coágulos pulmonares e parada cardíaca, de acordo com a OMS.
Na Polinésia Francesa, todos os 42 casos da síndrome identificados durante a epidemia de Zika de 2013 e 2014 testaram positivo para dengue e Zika, disse a OMS.
Não há ligação provada entre o vírus Zika, a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré, mas a especialista da OMS Marie-Paule Kieny disse na sexta-feira que as suspeitas dos cientistas podem ser confirmadas dentro de semanas.