Por Marton Dunai
ROSZKE, Hungria (Reuters) - A Hungria esboçava planos nesta quarta-feira para enviar o Exército, a polícia montada e cães para sua fronteira sul e assim enfrentar um número recorde de imigrantes chegando à União Europeia, muitos fugindo da guerra na Síria.
Houve um breve motim em um centro de recepção lotado na região fronteiriça de Röszke e um porta-voz da polícia disse que foi usado gás lacrimogêneo.
A polícia informou que um número recorde de 2.533 imigrantes - a maioria deles de Síria, Afeganistão e Paquistão - foram apanhados entrando na Hungria na terça-feira, vindos da Sérvia.
Outras 1.300 pessoas foram detidas pela manhã, por volta das 9h30 (4h30 no horário de Brasília). Muitas outras teriam passado desapercebidos, caminhando por brechas em uma cerca inacabada, em uma Europa que busca respostas para sua pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.
A Hungria faz parte do espaço Schengen da Europa, onde não é necessário o uso de passaporte, mas está construindo uma cerca ao longo de seu 175 quilômetros de fronteira com a Sérvia, numa tentativa de impedir a entrada de imigrantes.
O porta-voz do governo Zoltan Kovacs disse que o Parlamento debaterá na próxima semana se o país vai recorrer ao Exército.
"O governo da Hungria e o gabinete de segurança nacional têm discutido a questão de como o Exército poderia ser usado para ajudar a proteger a fronteira da Hungria e fronteiras da UE", disse Kovacs.
As autoridades disseram que mais de 140 mil imigrantes haviam entrado na Hungria este ano, vindos da Sérvia. O número de pessoas que viajam através dos Bálcãs aumentou nas últimas semanas, com 3.000 passando diariamente da Grécia para a Macedônia e, em seguida, indo por trem e ônibus para a Sérvia. A maioria busca chegar aos países mais ricos na Europa setentrional e ocidental, como a Alemanha e a Suécia, mas, se forem registrados na Hungria, isso significa que pelas regras da UE há o risco de serem devolvidos ao território húngaro.
"A situação vai piorar quando o inverno chegar. Estamos nos preparando para o dobro desse número", disse o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic, ao Frankfurter Allgemeine
Zeitung.
(Reportagem de Krisztina Than em Budapeste e Matt Robinson em Belgrado)