📈 Pronto para levar os investimentos a sério em 2025? Dê o primeiro passo com 50% de desconto no InvestingPro.Garanta a oferta

Israel pressiona Brasil para aceitar embaixador ligado a assentamentos

Publicado 27.12.2015, 18:28
© Reuters.  Israel pressiona Brasil para aceitar embaixador ligado a assentamentos

JERUSALÉM/BRASÍLIA, 27 Dez (Reuters) - Por Dan Williamns e Anthony Boadle

A relutância do governo brasileiro em aceitar a indicação do embaixador israelense ligado aos assentamentos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, Dani Dayan, gerou uma crise diplomática entre os dois países e a preocupação no governo israelense de que a disputa possa encorajar ativismo pro-Palestina e contra o país.

A indicação, há quatro meses, do empresário de origem argentina naturalizado israelense, um antigo líder do movimento de assentamentos judaicos, não foi bem vista pelo governo brasileiro, que tem como parte da sua política externa o apoio à criação de um estado palestino. Assim como a maior parte das potências internacionais, o Brasil considera os assentamentos judaicos em terras palestinas ilegais.

O embaixador anterior de Israel em Brasília, Reda Mansour, deixou o país na semana passada e o governo israelense afirmou neste domingo que o Brasil arrisca degradar o relacionamento bilateral se Dayan não for autorizado a sucedê-lo. "O Estado de Israel deixará o nível de relacionamento diplomático com o Brasil a um nível secundário se o apontamento de Dani Dayan não for confirmado", afirmou a vice-ministra de Relações Exteriores Tzipi Hotovely ao canal de tevê Channel 10, acrescentando que Dayan é o único indicado. Ela afirmou ainda que o governo de Israel fará lobby através da comunidade judaica no Brasil, pessoas próximas à presidente Dilma Rousseff e apelos diretos do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

O governo brasileiro evitou comentar oficialmente se a presidente irá ou não aceitar a indicação. Mas um diplomata brasileiro de alto escalão disse à Reuters: "Não vejo isso acontecendo". Falando em condição de anonimato por não ter sido autorizado a tratar do tema, afirmou que Israel teria que escolher outro embaixador ou iria piorar relações que já são ruins desde 2010, quando o Brasil decidiu reconhecer a Palestina como estado com territórios incluindo Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Faixa de Gaza.

Israel deixou Gaza em 2005, mas reivindica Jerusalém como sua capital indivisível e quer manter parte dos assentamentos na Cisjordânia como parte de qualquer negociação de paz com os palestinos.

As tensões com o Brasil aumentaram no ano passado, quando o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel chamou o Brasil de "anão diplomático" depois do país retirar seu embaixador como forma de protesto pela ofensiva militar em Gaza.

O governo brasileiro também se irritou com a forma que Israel anunciou a indicação de Dayan, em um post de Netanyahu na rede social Twitter, no dia 5 de agosto, antes mesmo de Brasília ter sido informada ou ter concordado com a indicação. De acordo com uma fonte do governo brasileiro, a maneira como o anúncio foi feito não apenas fere as regras diplomáticas como foi considerado pelo Brasil como uma tentativa de impor um nome que Israel sabia que não seria aceito.

Nesses quatro meses, o governo brasileiro fez silenciosamente uma séria de gestões diplomáticas tentando convencer Israel a trocar a indicação de Dayan, sem sucesso. À Reuters, a fonte governista afirmou que não há possibilidade à vista da presidente Dilma Rousseff aceitar a indicação de Dayan, mesmo sob pressão de Israel.

Este final de semana, Dayan iniciou uma ofensiva pela defesa de sua indicação, dizendo a jornalistas que o governo de Netanyahu não estava fazendo o suficiente para pressionar o Brasil a aceitá-lo. O diplomata afirmou que isso abre um precedente que impedirá moradores de assentamentos de representar Israel no exterior.

Emmanuel Nahshon, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que os laços com o Brasil são "bons e importantes", apontando o fato de o país ter acerto recentemente mais um consulado no Brasil e as oportunidades de negócios ´sara empresas israelenses de segurança durante os jogos olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto.

Israel também é um dos principais fornecedores de tecnologia para as indústrias de aviação e de defesa do Brasil. Na última sexta-feira, Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores no governo Lula e de Defesa no primeiro governo Dilma, afirmou que a disputa com Israel mostra a necessidade do Brasil reduzir sua dependência dos equipamentos israelenses.

(Com reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.