MADRI (Reuters) - A crescente crise política NA Espanha sobre a campanha de independência da Catalunha se intensificou no sábado com uma nova disputa sobre o controle da força policial local, à medida que o governo regional prossegue com os planos para realizar uma votação ilegal no próximo fim de semana.
O promotor público na Catalunha disse que todas as forças policiais locais e nacionais no sábado foram colocadas temporariamente sob uma única cadeia de comando que reporta diretamente ao Ministério do Interior em Madri.
Mas o chefe do Interior da Catalunha, Joaquim Forn, disse que seu departamento e a polícia local, ou Mossos d'Esquadra, não aceitaram essa decisão.
"Denunciamos a intervenção do Estado para controlar as forças policiais da Catalunha... não aceitamos esse controle", afirmou Forn em um discurso televisionado.
Não ficou claro se a administração regional e os Mossos poderiam realmente se opor à decisão, uma vez que as leis espanholas permitem a possibilidade de a polícia nacional assumir a liderança sobre a polícia de uma comunidade autônoma durante uma operação conjunta.
O representante do governo central na Catalunha, Enric Millo, havia dito anteriormente que os Mossos permaneciam encarregados da segurança na Catalunha, embora fossem "coordenados" diretamente pelo Ministério do Interior e não pelas autoridades locais, juntamente com duas forças policiais nacionais também na Catalunha.
"Não estamos assumindo as competências policiais do governo regional", disse Millo a jornalistas após um evento realizado pelo Partido Popular (PP) em Palma de Mallorca, no leste da Espanha.
Millo também pediu aos líderes catalães, incluindo Forn, que parem de incentivar protestos e manifestações de rua.
O jornal catalão La Vanguardia disse que a ordem do promotor permaneceria em vigor até pelo menos 1º de outubro, quando o referendo for realizado.
Os Mossos são um dos símbolos da autonomia da Catalunha e, para muitos catalães, a decisão do promotor pode relembrar a Guerra Civil espanhola de 1936-1939 e posterior ditadura de Francisco Franco, quando os Mossos foram abolidos.
Vários grupos pró-independência convocaram protestos para domingo no centro de Barcelona.
"Vamos responder ao Estado com uma onda imparável de democracia", dizia uma mensagem de Whatsapp, usada para organizar a demonstração.
O governo catalão abriu um novo site no sábado com detalhes de como e onde votar em 1º de outubro, desafiando várias decisões judiciais que bloquearam sites anteriores e declararam o referendo inconstitucional.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, insistiu novamente que a votação não deveria ser realizada.