Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Teorias de conspiração dignas de um romance de Dan Brown brotaram na mídia italiana nesta quinta-feira, com as acusações de que os inimigos do papa Francisco estavam tentando minar seu poder, depois que um jornal informou que ele tinha um tumor cerebral.
O Vaticano negou furiosamente a história publicada na quarta-feira, qualificando-a como irresponsável e imperdoável, mas em vez de o tema perder força, a saga se transformou em uma história de mistério no estilo capa e espada.
"Quem quer o papa morto", diz a principal manchete do Il Giornale. Os jornais La Repubblica e La Stampa, ambos diários respeitados, escreveram sobre a "sombra de um complô" em suas primeiras páginas.
A maioria das reportagens concluiu que a história era falsa. Mas, ao invés de descartá-la como um erro jornalístico, comentaristas e clérigos na terra que deu ao mundo Maquiavel, o mestre de astúcia política, passaram a examinar a intriga que está por trás da história do tumor.
O denominador comum é que os inimigos do papa dentro do Vaticano e da Igreja Católica querem enfraquecer sua autoridade, já que uma reunião crucial de bispos de todo o mundo sobre questões de família se aproxima do fim, no domingo.
Segundo o La Repubblica, o bispo argentino Victor Manuel Fernández teme uma "estratégia apocalíptica" bem planejada contra Francisco pelos conservadores que querem desestabilizar a Igreja e bloquear suas tentativas de mudá-la.
O destacado colunista político Massimo Franco escreveu no diário Corriere della Sera que a história foi provavelmente "gestada no mais obscuro subterrâneo do Vaticano e visava deslegitimar o pontífice".
O La Stampa definiu a saga como parte de uma "calúnia para bloquear a mudança".
Todos esses desdobramentos foram resultados de uma reportagem no Quotidiano Nazionale, segundo a qual um médico japonês tinha secretamente visitado o Vaticano em janeiro para examinar o papa e concluiu que ele estava com um tumor benigno que poderia ser tratado sem cirurgia.
O Vaticano emitiu três negativas detalhados e o médico, Takanori Fukushima, divulgou um comunicado por intermédio de seu consultório no Estado norte-americano da Carolina do Norte, no qual afirmou: "Eu nunca examinei como médico o papa. Essas histórias são completamente falsas."
O consultório de Fukushima disse que ele apertou a mão do papa ao lado de milhares de pessoas em uma audiência geral, mas nada mais que isso.
Na quinta-feira o Quotidiano Nazionale disse que mantinha as informações de sua reportagem.
No entanto o jornal do próprio Vaticano, o L'Osservatore Romano, disse que o momento das "notícias falsas" é suspeito. "O momento escolhido desmascara uma tentativa de levantar uma nuvem de poeira, com o objetivo de manipular."