Por Sudip Kar-Gupta e Andrew Callus
PARIS (Reuters) - O recém-empossado presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou um primeiro-ministro conservador nesta segunda-feira para ampliar seu apelo político e enfraquecer seus oponentes antes das eleições parlamentares de junho.
Édouard Philippe, de 46 anos, parlamentar e prefeito da cidade portuária de Le Havre, é de uma ala moderada do principal partido de centro-direita, Os Republicanos, e fará um contrapeso a ex-membros socialistas do Parlamento que se juntaram à causa de Macron.
Macron quer destruir a divisão entre esquerda e direita que dominou a França por décadas, e seu partido novato, A República em Marcha (REM), que tem somente um ano, precisa forjar uma ampla base de apoio.
O sucesso nas eleições parlamentares é vital para suas chances de concretizar seus planos de cortar gastos estatais, impulsionar investimentos e criar empregos, após anos de mal-estar econômico e altas taxas de desemprego.
A escolha de Philippe tem objetivo de atrair mais desertores do partido Os Republicanos, da mesma maneira que a decisão de Macron de não colocar um candidato do REM no distrito eleitoral de Manuel Valls atrai o ex-ministro socialista, e torna mais difícil que a esquerda dividida se reúna.
Esta é a primeira vez na história política moderna da França que um presidente nomeou um primeiro-ministro de fora de seu campo sem ter sido forçado por uma derrota nas eleições parlamentares.
“Eu disse a mim mesmo que a situação em que estávamos era tão única que devíamos tentar algo que nunca havia sido tentado antes”, disse Philippe à TV TF1 nesta segunda-feira.
Se apresentando anteriormente em cerimônia de entrega com o primeiro-ministro de saída, Bernard Cazeneuve, que também é da Normandia, Philippe brincou que cidadãos da região são “agressivamente moderados”, assim como “conquistadores”.
Ele também se descreveu como “um homem da direita”.
Philippe é “um primeiro-ministro que irá trazer todos para um programa progressivo, ousado e unificador”, disse Gerard Collomb, prefeito socialista de Lyon e um dos mais antigos apoiadores de Macron.
Ao nomeá-lo, Macron passou por cima de alguns seguidores leais, incluindo Richard Ferrand, ex-socialista que foi um dos primeiros a se juntar à causa de Macron no ano passado e é secretário-geral do REM.
Christophe Castaner, porta-voz da campanha de Macron, disse no domingo que esta foi o tipo de escolha difícil que teve de ser feita no círculo íntimo de Macron agora que a batalha pelo palácio presidencial do Eliseu foi vencida.
O restante do governo deve ser anunciado na terça-feira.