CARACAS (Reuters) - Centenas de partidários da oposição venezuelana voltaram às ruas nesta segunda-feira para protestar contra o presidente Nicolás Maduro, a quem acusam de ter convertido o governo em uma ditadura.
Com bandeiras da Venezuela e cartazes com escritos como "SOS, eleições já!" centenas de estudantes, líderes políticos e partidários da oposição protestaram em Caracas, pela quinta vez em 10 dias, agravando uma crise política que já fora reavivada quando o Judiciário assumiu poderes legislativos.
Embora o Tribunal Supremo de Justiça tenha voltado atrás da decisão, a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, segue sem poder para aprovar leis, uma vez que a mais alta Corte garante que o Legislativo se encontra em "desacato".
"Devemos abandonar este governo tão nefasto. Não há medicamentos, não há comida, o que há é insegurança", disse César Cáceres, um eletricista de 54 anos, em uma praça Caracas, onde manifestantes se reuniram. "Vamos continuar na rua, porque você não pode viver, temos que lutar pelo país."
Em outras cidades, centenas de pessoas formavam longas filas para assinar uma petição buscando a renúncia dos sete juízes do Supremo que aprovaram a decisão polêmica da semana passada.
Vários governos das Américas e da Europa pediram a Maduro que respeite a separação de Poderes, liberte uma centena de presos políticos e convoque eleições gerais. O presidente, que participa de uma cúpula em Cuba, no entanto, tem pedido a seus homólogos que parem de interferir em seu país.
O líder da oposição Henrique Capriles, que foi considerado inelegível por 15 anos, escreveu em sua conta no Twitter que Maduro "faria um favor ao país" se ficasse em Cuba.
A oposição aponta Maduro como o principal responsável pela grave crise econômica na Venezuela, com a maior inflação do mundo, recessão e escassez, mas o líder socialista acusa seus oponentes de travar uma "guerra econômica", com a finalidade de derrubá-lo.
Em visita ao Brasil nesta segunda-feira, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse que a Venezuela precisa de um governo legítimo, o que só acontecerá com novas eleições.