BRASÍLIA (Reuters) - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Ministério Público Federal do Paraná celebraram nesta sexta-feira acordo de leniência com a Camargo Corrêa e com ex-presidente da empresa, Dalton dos Santos Avancini, relativo às investigações de suposto cartel em licitação da usina nuclear de Angra 3.
Segundo o Cade, os signatários confessam a participação no esquema e comprometem-se a fornecer informações e documentos para colaborar com as investigações.
Em nota, o Cade afirma que a leniência traz evidências - como troca de e-mails e agendamento de reuniões - de que os consórcios UNA 3 (formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC) e ANGRA 3 (composto por Queiroz Galvão, EBE e Techint) se coordenaram "e realizaram acordos de fixação de preços, condições e divisão de mercado para frustrar o caráter competitivo do edital".
"As regras da licitação previam dois pacotes: um de serviços associados ao circuito primário do reator (nuclear) e outro ao circuito secundário (não-nuclear)", diz a nota do Cade.
O Conselho afirma ainda que os materiais obtidos por meio do acordo de leniência podem ser utilizados pela força-tarefa da Operação Lava Jato como subsídio no âmbito dos processos penais.
Na terça-feira, a operação Lava Jato chegou ao setor elétrico com a prisão do presidente licenciado da Eletronuclear, subsidiária do grupo Eletrobras (SA:ELET3) responsável por Angra 3, Othon Luiz Pinheiro da Silva.
(Reportagem de Leonardo Goy)