ISTAMBUL (Reuters) - A polícia da Turquia invadiu nesta quarta-feira o escritório de uma empresa de mídia da oposição, dias antes de uma eleição, em uma campanha de repressão a companhias ligadas a um religioso que vive nos Estados Unidos rival do presidente Tayyip Erdogan, de acordo com imagens exibidas ao vivo.
Houve tumultos e a polícia lançou jatos d'água para dispersar dezenas de pessoas em frente ao escritório da TV Kanalturk e Bugun, em Istambul, mostraram imagens ao vivo no site da Bugun.
O grupo de mídia é da Koza Ipek Holding, que possui ligações com o pregador islâmico Fethullah Gulen. As autoridades ocuparam na terça-feira 22 companhias da Koza Ipek em uma investigação de supostas irregularidades financeiras, incluindo suposto financiamento a Gulen. A companhia nega qualquer irregularidade.
Erdogan tem perseguido os interesses comerciais dos antes influentes seguidores de Gulen, seu ex-aliado, após a polícia e procuradores considerados simpáticos ao clérigo iniciarem uma investigação de corrupção no círculo íntimo de Erdogan em 2013.
Ações legais contra mais jornais da oposição, incluindo o jornal nacional Sozcu, são planejadas para após as eleições, disse Aydin Unal, deputado do partido governista AKP.
"Depois de 1º de novembro vamos responsabilizá-los. O jornal Sozcu nos insulta diariamente", disse Unal, ex-assessor de Erdogan, ao canal de TV A Haber na terça-feira. "Há muita pressão na Turquia. Se dizemos algo, o mundo nos acusa de interferir na imprensa, mas não estamos em uma posição confortável no momento, mas após 1º de novembro vamos decidir".
Grupos de direitos humanos questionaram a ação contra a mídia da oposição tão próximo às eleições.
(Reportagem de Ayla Jean Yackley, Humeyra Pamuk e Melih Aslan)