Por Kentaro Sugiyama e Leika Kihara
(Reuters) - O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, disse que o país não está em um ambiente propício para um aumento adicional da taxa de juros, em um aparente esforço para se livrar de sua reputação de defensor de aperto monetário, após reunião com o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, nesta quarta-feira.
"Não acredito que estejamos em um ambiente que nos obrigue a aumentar ainda mais a taxa de juros", disse Ishiba a repórteres nesta quarta-feira, acrescentando que não está em posição de instruir o banco central sobre a política monetária.
"Eu disse ao presidente que espero que a economia continue a se desenvolver de forma sustentável, mantendo sua atual tendência de flexibilização, e que a economia continuará a se mover em direção a superar a deflação."
Na reunião, a primeira de Ueda com o novo primeiro-ministro desde que ele foi oficialmente nomeado na terça-feira, Ueda disse que o banco central está apoiando a economia do Japão e que agirá com cautela ao decidir se aumentará ainda mais os juros.
"Eu disse ao primeiro-ministro que estamos apoiando a economia com condições monetárias frouxas", disse Ueda.
Ueda acrescentou que o banco central aumentará os juros se a evolução econômica e dos preços estiver de acordo com suas previsões.
"Mas eu disse que ajustaremos o grau de apoio monetário com cautela, pois podemos nos dar ao luxo de gastar tempo analisando a evolução (econômica)", acrescentou Ueda.
Em agosto, Ishiba disse à Reuters que o Banco do Japão estava no "caminho certo" ao acabar com as taxas negativas e endossou uma maior normalização da política monetária, dizendo que isso poderia impulsionar a competitividade industrial.
Seu foco na necessidade de tirar o Japão permanentemente da deflação ressalta a preferência do novo governo para que o banco central aumente os juros lentamente, segundo analistas.
O recém-nomeado ministro da Economia de Ishiba, Ryosei Akazawa, também expressou esperança na quarta-feira de que o Banco do Japão seja cauteloso ao aumentar ainda mais as taxas de juros.
Embora a atual taxa, de 0,25%, seja "anormal para os padrões globais", a prioridade do Japão é "sair da deflação", disse Akazawa.
O banco central encerrou as taxas negativas em março e elevou os custos dos empréstimos de curto prazo para 0,25% em julho, considerando que o Japão estava progredindo no sentido de atingir uma inflação duradoura de 2%.
O Banco do Japão terá nova reunião de política monetária em 30 e 31 de outubro, quando também divulgará novas previsões trimestrais de crescimento e preços. Em dezembro haverá outra reunião.
A maioria dos economistas entrevistados pela Reuters de 4 a 12 de setembro espera que o banco central aumente os juros novamente até o final do ano.
(Reportagem adicional de Makiko Yamazaki, Satoshi Sugiyama e Yoshifumi Takemoto)