Investing.com – Embora Janet Yellen, presidente do Federal Reserve (Fed) tenha afirmado, na última quinta-feira, que espera que o banco central eleve os juros "algumas vezes por ano" até atingir o patamar de 3%, previsto para até o fim de 2019, a Rabobank reafirmou sua projeção de apenas um aumento neste ano.
Em uma nota a clientes, a corretora holandesa afirmou que "continua descrente" da projeção do Fed de três elevações dos juros para este ano.
"Muito pelo fato de que mesmo se (o presidente Donald Trump) conseguir aumentar os gastos para gerar empregos e impulsionar a finalização, existe um grande hiato entre a implementação e os impactos positivos de tais políticas, que podem muito ser contrabalançadas pelas consequências negativas das políticas comerciais muito incertezas de Trump", explicaram os analistas da instituição.
A própria Yellen comentou que o Fed "acompanhará de perto" as muitas novas políticas econômicas sendo consideradas no momento.
"Vamos avaliar (eventuais mudanças na política econômica) no contexto do panorama e mensurar seu impacto no que precisamos fazer para atingir nossos objetivos para os dois mandatos", afirmou.
Embora não tão incisivo quanto a Rabobank, os mercados ainda acreditam em somente dois aumentos dos juros em 2017.
Os fundos federais futuros marcam uma probabilidade de 71,6% de o primeiro aumento ocorrer em junho e 53,6% de o segundo ocorrer em novembro, de acordo com o Monitor das taxas de juros do Fed da Investing.com.
Ainda assim, os mercados acreditam que há uma chance de 37,7% de o Fed conseguir cumprir com as projeções de três aumentos até dezembro.
Dentre as análises mais arrojadas, em uma pesquisa recente da Reuters, 14 dos 100 economistas entrevistados disseram acreditar em uma elevação na reunião de março.
Os dados da inflação divulgados nesta quarta convenceram o economista sênior do ING, James Knightly, de que o primeiro ajuste aconteceria no fim do primeiro trimestre.
Knightly destacou que essa foi a primeira vez em que tanto a inflação geral quanto o núcleo da inflação dos EUA superaram 2% desde o segundo trimestre de 2014.
"A inflação geral tendendo a atingir 2,5% na segunda metade do ano e o presidente Trump prometendo políticas pró-crescimento e pró-emprego em um cenário de solidez razoável mostram que mais aumentos dos juros não seriam tão inimagináveis", insistiu, especificando que projeta um primeiro aumento em março e outro no terceiro trimestre.
Yellen terá mais um discurso nesta quinta-feira, em que falará sobre o panorama econômico e a condução da política monetária no Instituto de Pesquisa de Política Econômica de Stanford, às 23h, no horário de Brasília.
Trump tem pronunciamento marcado para o segundo ato do concerto no Lincoln Memorial, intitulado "Make America Great Again! Welcome Celebration" (“Vamos tornar a América grande novamente! Festa de boas-vindas”, em tradução livre), que deve ocorrer às 14h15, no horário de Brasília.
Tudo isso acontecerá antes do discurso de posse de Trump redigido pelo próprio, marcado para esta sexta-feira.
"Ele quer falar sobre sua visão para o futuro do país e a situação em que estamos agora", disse Sean Spicer, futuro secretário de imprensa, em uma coletiva nesta quinta-feira.
"Ele está preparando todo o discurso", Spicer explicou.