Por Dave Sherwood e Marianna Parraga
HAVANA/HOUSTON (Reuters) - A rede elétrica de Cuba caiu nesta sexta-feira depois de uma falha em uma das maiores usinas de energia da ilha, jogando assim todo o país no escuro, afirmou o ministro cubano da Energia.
O governo cubano fechou escolas e indústrias não essenciais, e mandou quase todos os funcionários públicos para casa, em um esforço final para manter a eletricidade funcionando nas moradias.
Mas pouco antes do meio-dia, a usina Antonio Guiteras, a maior e mais eficiente do país, parou de funcionar, causando uma falha total na rede, que deixou aproximadamente 10 milhões de pessoas sem eletricidade.
"Não haverá descanso antes que (a eletricidade) volte", afirmou o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na rede social X.
A crise já fez autoridades cancelarem serviços governamentais não vitais. Escolas de todos os níveis, incluindo universidades, foram fechadas até domingo. Atividades culturais e recreacionais, como boates, também foram obrigadas a fechar as portas.
O governo anunciou que apenas funcionários essenciais de indústrias estatais em setores como alimentação e saúde devem trabalhar nesta sexta-feira.
Autoridades do setor elétrico disseram não saber em quanto tempo o serviço será reestabelecido.
A crise marca um novo problema para a ilha, onde a vida fica cada vez mais difícil, com moradores sofrendo a escassez de alimentos, combustível, água e medicamentos.
Praticamente todos os comércios da capital, Havana, estavam fechados ao meio-dia desta sexta-feira. O ronco de geradores privados podia ser ouvido em casas e restaurantes, e muitos moradores sentavam-se suados em frente aos seus lares, com as janelas abertas enquanto o sol abria espaço entre as nuvens.
O primeiro-ministro, Manuel Marrero, atribuiu na quinta-feira os apagões contínuos das últimas semanas a uma tempestade perfeita conhecida dos cubanos: infraestrutura deteriorada, escassez de combustível e demanda crescente.
"A escassez de combustível é o maior fator", disse ele em mensagem transmitida pela televisão, transmitida com várias dificuldades técnicas e com atraso de horas.
O governo cubano culpa o longo embargo dos Estados Unidos, assim como sanções do ex-presidente Donald Trump, pela dificuldade de obter combustível e peças para operar suas usinas movidas a petróleo.
As duas maiores usinas de energia da ilha, Felton e a agora parada Antonio Guiteras, estão produzindo aquém de suas capacidades, segundo o governo, e precisam de manutenção imediata.
Marrero afirmou que os crescentes comércios privados, que contribuíram para o aumento da demanda na ilha, precisarão pagar taxas maiores pela energia que consomem, para compensar a escassez.
O maior fornecedor de petróleo de Cuba, a Venezuela, reduziu os fretes para a ilha para uma média de 32.600 barris por dia nos primeiros nove meses do ano, perto da metade dos 60 mil enviados no mesmo período de 2023, segundo dados de monitoramento de embarcações e documentos internos da empresa estatal venezuelana PDVSA.
A Rússia e o México, que no passado também enviavam combustível para Cuba, reduziram drasticamente suas remessas para a ilha.
(Reportagem de Dave Sherwood em Havana e Marianna Parraga em Houston)