MOSCOU/BEIRUTE (Reuters) - Moscou elevou o tom da sua guerra de palavras contra Washington neste domingo, dizendo que ataques aéreos feitos por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Exército sírio ameaçavam a implementação de um plano de cessar-fogo acordado por EUA e Rússia sobre a Síria, e representava uma potencial conivência com o Estado Islâmico.
A disputa diplomática se aqueceu no último dia de um cessar-fogo de uma semana seguido de um aumento na violência, à medida que aviões de guerra atacaram a estratégica cidade de Aleppo, norte do país, pela primeira vez desde que a trégua começou a valer.
No sábado, o Ministério da Defesa da Rússia disse que jatos dos EUA haviam matado mais de 60 soldados sírios na cidade de Deir al-Zor, leste do país, em quatro ataques realizados por dois jatos F-16 e dois A-10, vindos da direção do Iraque.
O Observatório Sírio para Direitos Humanos, um grupo de monitoramento com sede no Reino Unido com contatos na Síria, citou uma fonte militar do aeroporto de Deir al-Zor dizendo que pelo menos 90 soldados sírios haviam sido mortos.
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia denunciou a posição dos EUA sobre o incidente como “desconstrutiva e desarticulada.”
“As ações de pilotos da coalizão - se eles, como esperamos, não receberam uma ordem de Washington - estão na fronteira entre negligência criminosa e conivência com terroristas do Estado Islâmico”, informou o ministério em um duro comunicado.
“Nós veementemente pedimos a Washington que exerça a pressão necessária sobre grupos armados ilegais sob sua patronagem para implementarem o plano de cessar-fogo incondicionalmente. De outra forma, a implementação de todo o pacote dos acordos entre EUA e Rússia alcançados em Genebra em 9 de setembro pode estar em risco.”
(Por Dmitry Solovyov em Moscou e Lisa Barrington em Beirute)