Por John Irish e Warren Strobel
MUNIQUE/AMÃ (Reuters) - Grandes potências concordaram nesta sexta-feira com uma pausa nos combates na Síria, mas a Rússia seguiu em frente com seus bombardeios incessantes em apoio a seu aliado, o presidente sírio, Bashar al-Assad, que prometeu continuar lutando até retomar o controle total do país.
Embora exaltado como possível avanço, o acordo sobre a "interrupção das hostilidades" só entra em vigor dentro de uma semana em um momento no qual o governo de Assad está prestes a obter sua maior vitória em batalha com o auxílio do poderio aéreo russo.
Se implementado, o pacto firmado depois de cinco horas de conversas que invadiram a noite em Munique irá proporcionar acesso humanitário a cidades sírias sitiadas. Ele foi descrito pelos países que participaram das negociações como um sucesso diplomático raro sobre um conflito que dividiu o Oriente Médio, já matou pelo menos 250 mil pessoas, deixou 11 milhões de desabrigados e levou centenas de milhares de pessoas a fugirem rumo à Europa.
Mas várias nações ocidentais disseram não haver esperança de progresso sem o fim dos ataques aéreos de Moscou, que inclinaram a balança a favor de Assad.
Rebeldes afirmaram que a cidade de Tal Rifaat, na província de Aleppo, foi alvo de bombardeios intensos de aviões russos na manhã desta sexta-feira. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, entidade de monitoramento sediada em Londres, disse que aviões de guerra que se acredita serem da Rússia também atacaram cidades no norte de Homs.
Segundo a agência de notícias AFP, Assad declarou que irá continuar a combater o terrorismo durante o transcorrer das conversas e que irá retomar o país inteiro, embora isso vá levar muito tempo.
Outra semana de confrontos dará tempo para o governo de Damasco e seus aliados russos, libaneses e iranianos prosseguirem com o cerco a Aleppo, maior cidade síria antes da guerra e que hoje eles estão na iminência de capturar.
Eles também estão prestes a interditar a fronteira turca, um canal de suprimentos para os territórios rebeldes há anos.
Estes dois êxitos reverteriam anos de avanços dos insurgentes, na prática pondo fim às esperanças dos opositores de retirar Assad à força – a causa pela qual vêm lutando desde 2012 com o incentivo de Estados árabes, da Turquia e do Ocidente.
A interrupção das hostilidades não chega a ser um cessar-fogo formal, já que não foi assinada pelas partes em conflito – a forças do governo e da oposição. Implementá-lo será o xis da questão agora, afirmou o secretário de Estado norte-americano, John Kerry: "O que precisamos ver nos próximos dias são ações no campo, no país".