Por Belén Carreño e Lorena Sopena
BARCELONA (Reuters) - Membros do partido separatista catalão ERC aprovaram nesta sexta-feira um acordo para um governo regional com os socialistas, que estão no poder no governo central, e que pode abrir caminho para melhorar as difíceis relações de Madri com a região, mas também impactar todo o sistema fiscal espanhol.
Uma pequena maioria de membros do ERC votou a favor do acordo para escolher o socialista Salvador Illa como novo chefe do governo regional, de acordo com fontes da legenda.
A região, localizada no nordeste da Espanha e uma das mais ricas do país, tem sido governada por separatistas desde 2010. O auge da tentativa de independência ocorreu em 2017, quando o governo catalão convocou um referendo para se separar da Espanha, classificado como ilegal pelos tribunais e resultando em uma breve declaração de independência.
Desde então, a influência do movimento nacionalista diminuiu, não tendo obtido apoio suficiente para formar um governo na eleição regional de maio, vencida pelos socialistas de centro-esquerda, mas sem maioria.
A única forma de evitar uma repetição da eleição era um acordo entre a legenda vencedora e o ERC — que é separatista e de esquerda — para apoiar Illa.
Após a aprovação dos membros do ERC, uma votação de posse poderá ser realizada já na próxima semana.
Sob um acordo preliminar, a Catalunha se tornará autônoma na coleta e gestão de impostos, o que pode conflitar com os sistemas fiscais do país, onde regiões mais pobres recebem uma parte das receitas dos territórios mais ricos. Outras regiões podem exigir o mesmo direito.
Essa mudança ainda precisa ser aprovada por um Parlamento altamente dividido.
O primeiro-ministro, Pedro Sánchez, chamou o acordo de “um passo para a federalização” e “boa notícia” para a Espanha.
(Reportagem de Belén Carreño; reportage adicional de Ana Cantero)