Taxas dos DIs sobem com receio de novas medidas comerciais dos EUA contra o Brasil

Publicado 18.07.2025, 16:52
Atualizado 18.07.2025, 16:55
© Reuters.

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta, reagindo à operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que elevou no mercado o receio de novas medidas comerciais dos Estados Unidos contra o Brasil, enquanto no exterior o dia foi de queda nos rendimentos dos Treasuries.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 14,385%, ante o ajuste de 14,341% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,74%, ante o ajuste de 13,689%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,85%, ante 13,781% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,92%, ante 13,857%.

Logo no início do dia a notícia da operação da PF contra Bolsonaro concentrou as atenções do mercado. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes impôs a Bolsonaro o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de usar as redes sociais e o recolhimento domiciliar entre 19h e 6h de segunda a sexta e em tempo integral nos fins de semana e feriados.

Além disso, proibiu o ex-presidente de manter contato com embaixadas de outros países e de se comunicar com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho. Eduardo tem sido o principal defensor, nos EUA, das medidas de Trump contra o Brasil, como a imposição de tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

A decisão de Moraes -- já referendada nesta sexta pela maioria da Primeira Turma do Supremo -- surgiu um dia após Trump voltar a vincular a adoção da tarifa ao julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

No mercado, o receio de que Trump possa retaliar o Brasil, ampliando seus ataques comerciais, deu força ao dólar ante o real e às taxas dos DIs.

“O que estamos vendo agora é a possibilidade de escalada do conflito. Até tivemos uma sinalização dos EUA de que poderia haver uma abertura para negociação com o Brasil, a partir da investigação de práticas comerciais brasileiras, mas Trump insistiu em puxar de novo para o centro do debate a questão do Bolsonaro”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. “Ninguém sabe o que a Casa Branca vai fazer.”

Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2028, um dos mais líquidos, marcou a máxima de 13,800% às 13h19, em alta de 11 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Além do medo da retaliação de Trump, os ativos no Brasil eram penalizados pela avaliação de que a direita está se enfraquecendo politicamente -- incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, até agora o nome preferido na Faria Lima, mas que está com dificuldades para conciliar em seu discurso a defesa de Bolsonaro e as tarifas de Trump.

“Lula é o candidato mais competitivo da esquerda para a disputa presidencial de 2026, enquanto a direita tem rachado. Isso cria sintomas de aversão ao risco”, comentou Spiess.

“O candidato da direita que viria a ser mais competitivo é Tarcísio. O problema é que a direita está se dividindo numa ala mais radical que se recusa a entregar os espólios de Bolsonaro para Tarcísio.”

Em entrevista exclusiva à Reuters nesta sexta-feira, Bolsonaro disse não ter dúvidas de que será condenado pelo STF e preso no processo em que é réu por tentativa de golpe de Estado.

Em meio às dúvidas sobre o impacto da guerra tarifária no câmbio, na atividade e na inflação do Brasil, perto do fechamento a curva brasileira seguia apontando para manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano no fim deste mês: a precificação neste sentido era de 99%.

Na quinta-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) indicava 91,99% de chances de manutenção da Selic, contra 6,00% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base este mês.

O avanço das taxas no Brasil ocorreu a despeito de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries estarem em queda, após o diretor do Federal Reserve Christopher Waller defender corte de juros nos EUA já este mês. Às 16h35 o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 3 pontos-base, a 4,43%.

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