Por Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia (UE) vai alertar as nações do G20 que as tensões comerciais estão colocando em risco o crescimento global e precisam ser tratadas com uma rápida reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), segundo um documento preliminar do bloco europeu.
O documento, ao qual a Reuters teve acesso, define as prioridades da UE em comércio, reformas tributárias globais e regras financeiras, antes de uma reunião de ministros das Finanças e governadores de bancos centrais do G20 em Washington, em 11 e 12 de abril.
"As atuais tensões comerciais colocam em risco a expansão em curso", diz o documento, advertindo que o crescimento global está desacelerando e pode parar.
Ministros das Finanças da UE vão aprovar formalmente o documento em uma reunião no sábado em Bucareste, capital da Romênia.
Os 28 países da União Europeia reiterarão seus apelos aos Estados Unidos e à China para que deixem de lado sua fricção comercial e se engajem na reforma da OMC, que deveria permanecer no centro de uma economia global aberta e baseada em regras, diz o documento.
Para combater os riscos de uma recessão, a UE convida os países do G20 a apoiar o investimento público e privado e insta os Estados com elevada dívida pública a reconstruir os amortecedores orçamentais e a realizar reformas estruturais.
A UE também renova seus apelos para um acordo global sobre a reforma da tributação digital em 2020, depois que seus 28 Estados não conseguiram chegar a um acordo sobre a imposição de um imposto sobre as grandes empresas da internet que seria aplicado em todo o bloco.
As nações do G20 estão convidadas a considerar as regras globais de divulgação obrigatória para bancos, advogados e outros intermediários fiscais, afirma o documento da UE.
O bloco europeu pediu que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pela transparência fiscal, atualize sua lista de paraísos fiscais, que atualmente inclui apenas a pequena ilha caribenha de Trinidad e Tobago. A lista da própria UE foi recentemente expandida para incluir 15 jurisdições, incluindo os Emirados Árabes Unidos.
Os países da UE também pressionarão seus parceiros do G20 a aplicarem regras financeiras comuns para evitar a fragmentação do mercado e a instabilidade financeira. Eles vão pedir aos países do G20 que apliquem integralmente a reforma bancária de Basileia III.
O G20 deve monitorar e abordar, se necessário, as vulnerabilidades financeiras emergentes que surgem principalmente da "intermediação financeira não bancária", como os fundos de investimento, segundo o documento da UE.
A UE também se compromete a intensificar os esforços para combater os ataques cibernéticos e regular os ativos criptográficos contra os riscos de lavagem de dinheiro.