BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia e o Mercosul fizeram poucos progressos sobre como abrir seus mercados para veículos e encerraram negociações sobre livre comércio em Bruxelas nesta sexta-feira com acusações mútuas sobre quem está atrasando um acordo.
UE e Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, começaram as negociações para uma aliança comercial em 1999, com um novo ímpedo desde 2016.
A Comissão Europeia, que negocia acordos de comércio em nome dos 28 países do bloco europeu, descreveu as negociações realizadas desde terça-feira desta semana como "úteis", mas afirmou que assuntos importantes seguem pendentes.
"Deve-se deixar claro que sem qualquer movimento de nossos parceiros sobre estas questões será difícil ver um avanço no processo em direção a um resultado que a Comissão Europeia continua comprometida em obter: um acordo de comércio equilibrado e ambicioso entre UE e Mercosul", afirmou um porta-voz da comissão a jornalistas.
Os pontos importantes que continuam em aberto envolvem o quanto cada mercado vai se abrir para importações de veículos e produtos agrícolas, como carne do Mercosul e produtos lácteos da UE. A UE, em particular, quer incluir questões marítimas, acesso a licitações públicas e proteção de nomes de alimentos e bebidas como champagne ou presunto parma, que afirma que somente podem ser usados por produtos feitos em regiões específicas.
Uma fonte do Mercosul próxima das discussões afirmou que as negociações foram encerradas antes do esperado, com Argentina e Uruguai abandonando a mesa por causa do que viram como falta de determinação do Brasil e da UE. O Brasil é o maior produtor de veículos do Mercosul.
"Poucos itens faltam para se concluir o acordo", disse a fonte. "O volume de carne já foi acordado....em níveis aceitáveis para a UE."
Outra fonte do Mercosul disse que as negociações avançaram sobre veículos, onde as diferenças incluem o período sobre o qual tarifas devem ser reduzidas e nível mínimo de conteúdo local exigido.
"Sinalizamos para eles que podemos fazer algum avanço em coisas como cronograma e regras de origem, mas talvez eles não estejam totalmente satisfeitos com isso", disse a fonte.
"Estamos em um estágio das negociações em que estamos lidando quase que exclusivamente com coisas difíceis. Não se deve esperar realmente avanços acontecendo do nada."
Os negociadores não definiram uma data para uma nova rodada de trativas.
(Por Philip Blenkinsop em Bruxelas e Maximiliano Rizzi em Buenos Aires)