Por Leika Kihara e Linda Sieg
TÓQUIO (Reuters) - A visita do presidente norte-americano, Donald Trump, ao Japão nesta semana garantiu ao país asiático uma breve pausa na disputa com os Estados Unidos, mas o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, ainda enfrenta pressão para fazer concessões depois das eleições de verão (no hemisfério norte).
Nesta terça-feira, Trump encerrou uma visita oficial de quatro dias, que incluiu partidas de golfe, sumô, jantar com o imperador Naruhito e inspeções de navios de guerra norte-americanos e japoneses, com objetivo de demonstrar a aliança entre os dois países, mas que disfarçavam a disputa entre as duas potência pelo déficit comercial bilateral.
Depois de sua cúpula na segunda-feira com Abe, Trump disse esperar que os aliados "anunciem algumas coisas, provavelmente em agosto, que serão muito boas para os dois países" no comércio.
Na terça-feira, no entanto, o ministro da Economia japonês, Toshimitsu Motegi, disse que o comentário do líder dos EUA provavelmente reflete sua esperança de progresso rápido nas negociações comerciais.
"Quando você olha para o texto exato de seus comentários, você pode ver que o presidente estava expressando suas esperanças de progresso nas negociações para algo que seria mutuamente benéfico", disse Motegi a repórteres em uma reunião de gabinete.
As concessões ao comércio antes da eleição do Senado em julho podem influenciar os eleitores japoneses, especialmente os agricultores, que são importantes apoiadores do Partido Liberal Democrata de Abe, embora os consumidores possam receber produtos alimentícios mais baratos.
Autoridades japonesas negaram que os dois países tenham concordado em chegar a um acordo comercial até agosto.
Os partidos de oposição disseram que agricultores estariam na linha de fogo após a eleição, acrescentando que Trump disse que "a agricultura e a carne bovina estavam pesadamente em jogo" no Twitter no domingo.
"Só se pode dizer que os comentários de Trump significam que o Japão fez grandes concessões em agricultura e pecuária", disse Yukio Edano, chefe do Partido Democrático Constitucional do Japão (CDPJ), em entrevista coletiva.
"Não podemos permitir que eles concorram à eleição do Senado escondendo isso", disse Edano, segundo a mídia.