Investing.com - O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne na terça e quarta-feira para discutir o futuro da taxa Selic. Entre os analistas, é praticamente unânime que a decisão será pela manutenção juros em 6,5% ao ano. A XP Investimentos não vê, por ora, a necessidade de uma alta da Selic ainda neste ano e, a depender da reputação do próximo time no BC, não seria necessária uma alta já no início de 2019.
Para a economista-chefe da corretora, Zeina Latif, o ajuste da taxa de câmbio e sua repercussão na inflação farão o BC iniciar a normalização das condições monetárias antes do esperado anteriormente, reduzindo o estímulo monetário atual.
Latrif entende que tendo em vista o zelo da autoridade monetária com sua reputação, não se pode descartar este cenário, iniciando um trabalho que a próxima diretoria do BC terá que fazer de qualquer forma, cedo ou tarde.
“Uma alta da Selic este ano, no entanto, não é uma projeção óbvia, pois o repasse do câmbio a preços tem defasagens e há dúvidas quanto à sua intensidade nas condições econômicas atuais, com significativa ociosidade da economia e elevada volatilidade cambial, que reduz a visibilidade dos empresários na fixação dos preços”, disse a analista da XP Investimentos.
Desta forma, Latif acredita que é necessário aguardar os sinais de repasse cambial aos preços, primeiro os chamados efeitos primários, como nos preços de gasolina e bens comercializáveis, que são diretamente afetados pelo dólar (bens duráveis e alguns alimentos).
“O primeiro efeito, mais rápido, não deveria ser combatido com aperto monetário, pois reflete uma mudança natural de preços relativos”, explica a analista, que completa explicando que “o segundo efeito, este sim precisa ser evitado com calibragem da política monetária. Ocorre que os efeitos secundários não serão facilmente e rapidamente observados. Pelos nossos modelos, são necessários dois trimestres”.
O cenário seria diferente, segundo Latif, com economia já em trajetória firme de recuperação e a inflação mais próxima da meta, faria sentido o BC iniciar a normalização da política monetária, sem aguardar a materialização (ou não) dos efeitos secundários, como uma postura preventiva. No entanto, a ociosidade da economia impede este tipo de postura.
Outro fator que irá barrar novas ações imediatas é a baixa inflação, que segue contida pelo elevado desemprego. Pelas estimativas da XP, a inflação de preços livres, que são o foco da política monetária, deverá fechar este ano em torno de 3,2%. Para o próximo ano, 4%-4,5%, ainda que ao longo do ano possam ser registrados resultados mais elevados.