A quantidade de brasileiros que evitam consumir notícias alcançou a 47% da população do país em 2024, diz o Relatório de Mídia Digital do Instituto Reuters. O estudo, divulgado nesta 2ª feira (17.jun.2024), mostra um aumento de 6 pontos percentuais no quesito com relação ao ano passado, que registrou 41%.
Segundo o estudo, o Brasil ainda usa as redes sociais como a principal fonte para se manter informado, apesar de o número ter caído com relação a 2023. Cerca de 51% da população que acompanha notícias dizem fazê-lo por meio de mídias sociais como WhatsApp e Instagram, contra 57% no último ano.
Enquanto isso, a TV se manteve relativamente estável, caindo de 51% para 50% no mesmo período de tempo. A mídia impressa mantém a menor taxa de consumo: foi de 12% para 11% de 2023 para 2024.
Para Rodrigo Carro, autor do capítulo que apresenta os dados do Brasil, as notícias sobre o 8 de Janeiro e seus desdobramentos, assim como as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, podem ter contribuído para que os brasileiros evitassem o noticiário.
“O ex-presidente e muitos de seus aliados, incluindo ex-ministros e oficiais militares de alto escalão, estão sendo investigados pela Polícia Federal por supostamente planejar um golpe militar. Desde o início de 2023, as prisões e o inquérito legal em andamento dominaram as manchetes políticas. Combinado com o conflito no Oriente Médio e na Ucrânia, a agenda de notícias pesadas pode ter sido a causa de um aumento acentuado na prevenção de notícias”, diz Carro.
O levantamento diz também que o Brasil é o país com a maior taxa de confiança em notícias entre a população dos 6 países da América Latina pesquisados (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru). O índice atingiu 43%, o mesmo de 2023, depois de quedas sucessivas registradas desde 2021.
O WhatsApp e o YouTube são as principais plataformas digitais utilizadas para o consumo de notícias, cada uma com a adesão de 38% da população que se informa regularmente. Na sequência, estão o Instagram (36%), Facebook (NASDAQ:META) (29%), TikTok (14%) e Twitter (9%). A novidade no ranking, com relação a 2023, é o avanço da plataforma chinesa de vídeos sob a mídia social de Elon Musk.
A pesquisa ouviu 94.943 pessoas em 47 países, por meio de um questionário on-line aplicado entre o fim de janeiro e o início de fevereiro de 2024. No Brasil, foram 2.022 participantes. Segundo o instituto, não é possível calcular uma margem de erro provável por uma escolha metodológica. Leia mais sobre a metodologia do estudo aqui.